Ligar a TV às 11h15 da manhã, em plena sexta-feira, 20, e dar de cara com um debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo faz vir à cabeça, de cara, as baixarias protagonizadas nos últimos embates políticos. Ledo engano.

Pela primeira vez em pouco mais de três meses – juntando campanha e pré-campanha – e mais de cinco debates realizados, o confronto entre os candidatos no evento promovido pelo SBT, Nova Brasil e Terra surpreendeu. Sem baixarias, ataques tradicionais e poucos pedidos e concessões de direito de resposta.

+Marçal aposta em ‘recomeço’ de campanha após cair nas pesquisas: ‘Minha pior versão eu já mostrei’

No debate da RedeTV!, invoquei os debates realizados na década de 1990 e 2000, quando havia poucos ataques e muitas propostas. Ao que tudo indica, estava certo.

Logo na abertura do debate, o mediador Cezar Filho colocou um freio nos apelidos e nos ataques. Isso já minou a possibilidade de Pablo Marçal (PRTB) usar sua tradicional estratégia contra os adversários.

Nas primeiras rodadas, o ex-coach foi ignorado pelos adversários, e só foi questionado por Tabata Amaral (PSB) quando a candidata foi obrigada, devido às regras do encontro, a questionar o adversário. Na resposta, Marçal usou uma nova estratégia, abaixou o tom de voz e manteve o nivelamento do debate. A mudança nos rumos da campanha se deu após o ex-coach cair nas pesquisas e apresentar o maior índice de rejeição entre os candidatos.

Tabata, então, comparou a nova atitude do coach ao jogo do Tigrinho e afirmou que aquele não era o candidato do PRTB que ela conhecia. Ela ainda partiu para o ataque ao associar a imagem do ex-coach ao crime organizado. Ele manteve a postura tranquila e obteve direito de resposta.

Mesmo com um perfil mais calmo, Marçal saiu momentaneamente do personagem ao atacar Ricardo Nunes duas vezes. Na primeira, o acusou de violência doméstica, enquanto no segundo o chamou de “tchuchuca”. O prefeito obteve dois direitos de resposta.

Houve outros ataques, estes mais velados, como os debates tradicionais. Marina Helena (Novo), por exemplo, questionou Nunes sobre a rejeição do atual prefeito de Belém, que é do partido de Guilherme Boulos (PSOL).

Os ataques ficaram apenas em segundo plano e colocaram o debate como protagonista pela primeira vez oficialmente na campanha. A tendência é que as propostas voltem a ser prioridade, em meio aos esgotamentos do baixo nível colocado entre os candidatos no primeiro mês oficial de eleição.