A ampliação do muro fronteiriço anunciada pelos Estados Unidos é “uma medida publicitária” com conotação eleitoral, que, possivelmente, não irá se concretizar, disse, nesta sexta-feira (6), o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.

Essa foi a impressão de Obrador após a conversa que teve ontem sobre migração e tráfico de drogas com uma delegação americana liderada pelo secretário de Estado, Antony Blinken, na Cidade do México.

“Mais do que tudo, é uma medida publicitária, porque estamos falando em 3.180 km de fronteira, começaram a construir o muro há 40 anos e só fizeram cerca de 1.200 km”, disse López Obrador. “Quando irão terminar? É propaganda pura. Cada presidente dos Estados Unidos, com todo o respeito, seja republicano ou democrata, faz a sua parte para cair nas graças dos americanos”, acrescentou o mexicano, que discutiu o assunto com Blinken.

López Obrador voltou a destacar que Joe Biden foi o único presidente dos Estados Unidos em décadas que não ampliou a barreira, e disse ter reiterado a Blinken que, mais do que “medidas coercitivas”, é necessário “atender às causas” que obrigam as pessoas a migrar.

“Acredito que não serão construídos mais trechos, entre outros motivos porque é o que costuma acontecer no México e em outros países”, declarou o mexicano, reiterando que o motor dessas discussões é a campanha para as eleições de 2024, em que Biden buscará um novo mandato.

López Obrador ressaltou que vivem nos Estados Unidos 40 milhões de pessoas que nasceram no México ou que têm origem mexicana, que não votarão em candidatos que pretendam transformar o país em uma ‘pinhata’, tipo de brincadeira comum em festas infantis em que os participantes precisam quebrar um recipiente, frequentemente em formato de animais, cheio de doces.

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