KIRUNA, 19 AGO (ANSA) – A emblemática igreja de madeira vermelha de Kiruna, no norte da Suécia, iniciou nesta terça-feira (19) sua transferência para uma nova localização, como parte de uma complexa mudança no centro histórico da cidade que permitirá a expansão de uma mina de ferro.
Com 110 anos, a construção é considerada uma das mais bonitas do país nórdico e é deslocada de maneira lenta, ao ritmo de meio quilômetro por hora, em uma plataforma móvel. Ao todo, levará dois dias para o templo chegar ao seu novo local.
De fato, todo o centro de Kiruna será deslocado por vários quilômetros. Tudo isso para permitir a expansão da maior mina subterrânea de minério de ferro da Europa, operada pela mineradora estatal sueca Lkab, que domina a região.
Suas escavações cada vez mais profundas ao longo dos anos enfraqueceram o solo, aumentando o risco de desabamento em algumas áreas.
A viagem da Kiruna Kyrka, uma enorme igreja luterana de 672 toneladas, construída em 1912 e repleta de obras de arte, foi abençoada pelo bispo Asa Nystrom e pela vigária Lena Tjärnberg.
De acordo com as autoridades, uma das partes mais complicadas da operação logística foi justamente o início, quando o comboio de 1.200 toneladas e 220 rodas teve que contornar uma curva e descer uma ligeira ladeira para chegar à estrada principal.
Como preparação, o terreno ao redor da igreja foi escavado, permitindo o posicionamento de grandes vigas amarelas por baixo para poder levantá-la com macacos hidráulicos e coloca-la sobre os reboques.
A iniciativa atraiu grande interesse, com mais de 10 mil pessoas previstas para se aglomerarem nas ruas da cidade de 18 mil habitantes. O rei Carl XVI Gustaf deve acompanhar a transferência, exibida ao vivo pela televisão sueca com 30 câmeras ao longo do trajeto.
O processo de realocação da cidade começou há quase duas décadas e deve continuar por anos. O novo centro do município foi inaugurado oficialmente em setembro de 2022. Só a realocação da igreja deve custar 500 milhões de coroas suecas (US$ 52 milhões) e está sendo financiada pela Lkab.
Projetada pelo arquiteto sueco Gustaf Wickman, a imponente estrutura de 40 metros de altura é uma mistura de influências e inclui elementos arquitetônicos inspirados no povo indígena Sami da região, retratado nos bancos.
O exterior neogótico apresenta telhados inclinados e janelas em ambos os lados, enquanto o interior escuro apresenta elementos do Romantismo Nacional e um retábulo Art Nouveau. A Lkab chamou a realocação de “um evento único na história mundial”. (ANSA).