O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, solicitou nesta quinta-feira (22) que o governo dos Estados Unidos forneça informações sobre uma investigação de suposto apoio do narcotráfico à sua campanha presidencial de 2018.

“O governo dos Estados Unidos agora terá que informar”, disse o presidente em sua coletiva de imprensa habitual, ao revelar que o The New York Times está trabalhando em uma matéria ainda não divulgada sobre o assunto.

“Eu espero que o governo dos Estados Unidos manifeste algo. Também, se não quiserem dizer nada, se não quiserem agir com transparência, é um problema deles, mas qualquer governo democrático, defensor das liberdades, teria que informar”, acrescentou.

AMLO – como é conhecido o presidente por suas iniciais – leu em voz alta uma série de perguntas feitas pelo jornal americano sobre o assunto.

De acordo com o questionário, autoridades americanas, com base em depoimentos de informantes e transferências de dinheiro, investigaram suposições de que aliados próximos ao presidente mexicano “se encontraram com cartéis de drogas e receberam milhões de dólares do narcotráfico”.

Segundo o mesmo documento, a investigação foi encerrada quando as autoridades americanas reconheceram que poderia causar um conflito diplomático com o México.

O presidente rejeitou as acusações e as qualificou como “calúnias”.

Esta é a segunda vez que a imprensa aborda um suposto financiamento do narcotráfico às campanhas presidenciais de López Obrador, que foi eleito em 2018.

No final de janeiro, Tim Golden, duas vezes vencedor do prêmio Pulitzer, publicou uma investigação no ProPublica afirmando que o cartel de Sinaloa entregou dois milhões de dólares (R$ 4,2 milhões, na cotação da época) para a primeira das três campanhas presidenciais de López Obrador, em 2006.

O trabalho, que cita agentes antidrogas dos Estados Unidos, indica que os criminosos acreditavam que um eventual governo de López Obrador facilitaria as operações.

Uma denúncia semelhante foi publicada também pela jornalista mexicana Anabel Hernández no veículo alemão DW. Ambos os relatórios se baseiam em entrevistas de agentes americanos com testemunhas protegidas.

Após a publicação da reportagem, López Obrador acusou os Estados Unidos de patrocinarem “práticas imorais” e afirmou que se trata de uma calúnia.

O líder disse que as denúncias são ataques de seus adversários políticos às vésperas das eleições presidenciais de 2 de junho, onde a candidata oficialista Claudia Sheinbaum lidera as pesquisas.

No início de fevereiro, a chanceler mexicana, Alicia Bárcena, afirmou que os Estados Unidos consideravam encerrado o assunto dessa investigação devido falta de provas.

yug/dg/ms/aa