O ex-policial militar Ronnie Lessa relatou, em delação premiada à Polícia Federal, que pesquisou locais do Rio de Janeiro onde poderia realizar a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) enquanto bebia uísque com o amigo e advogado André Luiz Fernandes Maia

No documento da PF, ao qual à ISTOÉ teve acesso, afirmou que estava “obcecado em encontrar uma alternativa viável” para realizar o crime e, por conta disso, passou a estudar o endereço da Rua do Bispo, no Rio Comprido, “com afinco”, enquanto estava na companhia do advogado, morto um mês depois do assassinato da vereadora. 

O encontro de Lessa e Fernandes Maia ocorreu dois dias antes do crime. “Instado a se manifestar acerca do porquê ter pesquisado tal parâmetro [Rua do Bispo, 227] junto ao Google Maps, sendo certo que já tinha realizado o levantamento in loco da região, RONNIE asseverou que naquele dia 12 estava na companhia de seu amigo André Luiz Fernandes Maia, vulgo Doutor Piroca, tomando uísque e, obcecado para encontrar uma alternativa viável para a execução, passou a estudar o endereço da Rua do Bispo com afinco”, diz um trecho do relatório. 

Rota mais ‘eficaz’ 

A pesquisa realizada no Google Maps se mostrou “inócua”, pois outra rota parecia mais “eficaz” para os executores de Marielle. 

A vereadora e o motorista foram mortos na Rua Joaquim Palhares, no Estácio. 

O advogado André Luiz Fernandes Maia foi rendido por homens em uma moto quando saía de casa, na rua Otávio Malta. Os criminosos atiraram cerca de 10 vezes e fugiram em seguida. A Polícia Militar afirmou à época que não havia sinais de assalto, e a Polícia Civil abriu uma investigação para apurar suposta participação da milícia. 

Um suspeito de envolvimento no crime, apontado como integrante da milícia do Anil, foi preso em Miguel Pereira, no centro-sul fluminense, em agosto de 2021. 

O advogado tinha sido condenado, em julho de 2014, pelo crime de coação no curso de um processo. Ele recebeu uma pena de um ano de prisão em regime aberto. Em outra ação por furto e coação no curso do processo, André Luiz acabou sendo absolvido. Na época do assassinato, ele respondia pelos crimes de ameaça e estelionato.