14/04/2021 - 16:24
Por Julia Symmes Cobb
BOGOTÁ (Reuters) – As Américas não estão se comportando como uma região que vive um surto cada vez mais grave de Covid-19, disse nesta quarta-feira a diretora-geral da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne.
O aumento de infecções é alarmante, mas não surpreendente, dado o relaxamento das restrições adotadas para conter a transmissão do vírus, disse Etienne em uma coletiva de imprensa semanal, acrescentando que a vacinação não bastará para deter esta onda de contágios.
“Variantes altamente transmissíveis estão se espalhando e as medidas de distanciamento social não são tão estritamente observadas como antes”, disse a diretora Carissa Etienne durante a entrevista coletiva semanal da Opas.
“Não estamos agindo como uma região em meio a um surto cada vez pior. Mais pessoas foram infectadas com Covid em nossa região nos últimos sete dias do que a maioria das médias semanais de casos que vimos no ano passado. E nossas mortes semanais superam as de qualquer semana em 2020”, acrescentou Etienne.
Mais de 1,3 milhão da habitantes das Américas foram infectados, e quase 36 mil morreram na semana passada, informou a Opas.
“Simplesmente não há vacinas suficientes à disposição para proteger todos nos países sob risco maior”, disse Etienne. “Precisamos deter a transmissão com quaisquer meios possíveis, com as ferramentas que temos à mão.”
Algumas semanas transcorrerão até os suprimentos de vacinas normalizarem, disse Etienne, acrescentando que os países deveriam continuar aplicando a vacina da AstraZeneca, já que os efeitos adversos são muito raros.
Líderes de todos os níveis podem desempenhar um papel crucial endurecendo as medidas ao primeiro sinal de aumento de infecções, afirmou.
“Notamos um relaxamento óbvio na implantação de medidas de saúde pública”, disse Sylvain Aldighieri, relator de incidentes de Covid-19. Independentemente da variante do vírus, afirmou, a Covid-19 é capaz de sobrecarregar os sistemas de saúde.
Países com aumentos consideráveis de casos deveriam cogitar medidas de lockdown, mas se os surtos já forem visíveis pode ser tarde demais, disse o diretor de emergências da Opas, Ciro Ugarte.