Os americanos decidem, nesta terça-feira (5), se Kamala Harris será a primeira mulher a presidir os Estados Unidos ou se Donald Trump retornará à Casa Branca, em um cenário de grande incerteza que deixa o mundo em suspense.

A disputa acirrada entre a vice-presidente democrata e o ex-presidente republicano está perto do fim, mas não é possível saber se o resultado será conhecido em algumas horas ou dias.

“Temos uma oportunidade nestas eleições de finalmente virar a página de uma década de política guiada pelo medo e pela divisão. Estamos cansados”, disse Kamala em seu último comício na Pensilvânia, onde insistiu que “cada voto conta”.

Os locais de votação abriram as portas às 6H00 locais (8H00 de Brasília) na costa leste dos Estados Unidos.

Mais de 80 milhões de pessoas, no entanto, já votaram de maneira antecipada.

As pesquisas apontam um empate nos sete estados que definirão o vencedor. Os demais estados geralmente se dividem entre os tradicionalmente democratas ou republicanos.

Com um programa eleitoral vago, mas centrista para tentar convencer os republicanos moderados, Kamala propõe ações firmes contra a imigração ilegal, avanços para a classe média e a defesa do direito ao aborto.

Trump é candidato à Casa Branca pela terceira vez.

– “Glória” –

“Com o seu voto amanhã, podemos resolver cada um dos problemas que nosso país enfrenta e levar os Estados Unidos – de fato, o mundo – a novos picos de glória, uma era de ouro”, prometeu o republicano em seu último comício no Michigan.

Comício após comício, ele repetiu o roteiro de 2016 e 2020, apresentando-se como o candidato antissistema, próximo do povo e crítico ferrenho da elite de Washington.

O mesmo discurso de sempre: a luta contra os migrantes em situação irregular que, segundo ele, “envenenam o sangue” do país.

Trump já chamou os migrantes de “terroristas”, “estupradores”, “selvagens” e “animais” que saíram de “prisões e manicômios”.

Condenado por um crime no final de maio e com quatro processos pendentes, o republicano, de 78 anos, pintou um cenário sombrio do país durante uma campanha dominada pela violência verbal.

Trump insultou a candidata democrata, de 60 anos, a quem chamou de “lunática radical da esquerda”, “incompetente”, “idiota” e pessoa com um “coeficiente intelectual baixo”, entre outras ofensas.

Ela respondeu chamando o adversário de “fascista”.

Além disso, os últimos dias de campanha foram marcados pelo comentário de um humorista pró-Trump que disse que Porto Rico é como uma “ilha flutuante de lixo” ou por uma gafe do presidente Joe Biden que, em reação, chamou os eleitores do candidato republicano de “lixo”.

No campo diplomático, o mundo observa com ansiedade. O resultado terá fortes consequências nos conflitos no Oriente Médio, na guerra na Ucrânia e para a luta contra o aquecimento global, que Trump considera uma falácia.

Na economia, o empresário quer impor tarifas para levar as empresas de volta ao país.

Ele ameaçou impor tarifas de 25% ao México, caso o país não contenha o ‘avanço’ dos ‘criminosos’ e das ‘drogas’ que, segundo ele, entram nos Estados Unidos, e à China, que ele acusa de enviar fentanil através do país latino-americano.

A noite eleitoral promete ser longa.

Para ser eleito presidente dos Estados Unidos não basta receber mais votos que o rival. É preciso alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, integrado por 538 delegados que teoricamente devem respeitar a vontade do povo.

– Uma incógnita –

O que acontecerá a seguir é uma incógnita. Os dois lados iniciaram dezenas de ações legais.

Dois em cada três americanos temem uma explosão de violência após as eleições.

Alguns centros de votação foram transformados em fortalezas, vigiados por drones e com atiradores de elite nos telhados.

Os funcionários eleitorais estão treinados para buscar abrigo ou para utilizar uma mangueira de combate a incêndios.

Em Washington DC, a capital federal, barreiras de metal cercam a Casa Branca e o Capitólio.

Muitos estabelecimentos comerciais protegeram suas vitrines com tábuas de madeira.

As imagens de 6 de janeiro de 2021, quando simpatizantes de Trump atacaram a sede do Congresso americano, continuam na mente de todos.

Nada indica uma repetição do cenário, mas o republicano já acusa os democratas de “trapacear”.