05/11/2024 - 20:52
Os americanos decidem nesta terça-feira (5) se Kamala Harris será a primeira mulher a presidir os Estados Unidos ou se Donald Trump retornará à Casa Branca, em um cenário de grande incerteza, observado com atenção em todo o mundo.
A disputa acirrada entre a vice-presidente democrata e o ex-presidente republicano está perto do fim, mas não é possível saber se o resultado será conhecido em algumas horas ou dias.
Mais de 82 milhões de eleitores votaram antecipadamente e as filas se sucediam nos centros eleitorais neste dia histórico.
Houve alertas de bomba em centros de votação, que o FBI atribuiu à Rússia, e um homem que cheirava a combustível e portava uma pistola sinalizadora foi preso no Congresso, atacado por apoiadores de Trump após a sua derrota eleitoral, há quatro anos.
Não há um favorito na disputa. Pesquisas apontam um empate nos sete estados que definirão o vencedor: Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Carolina da Norte, Geórgia, Arizona e Nevada. Os demais estados geralmente se dividem entre os tradicionalmente democratas ou republicanos.
“Eu me sinto muito confiante”, disse Trump na Flórida, após votar. “Se eu perder uma eleição, se for uma eleição justa, serei o primeiro a reconhecer isso. Até agora, acho que foram justas”, acrescentou.
Mais tarde, Trump propagou “rumores” de “fraudes em massa” na Filadélfia, Pensilvânia. Recentemente, ele acusou os democratas de “trapacear”.
Kamala Harris pediu que os americanos fossem votar. “Hoje votamos, porque amamos o nosso país e acreditamos na promessa de Estados Unidos”, publicou nas redes sociais.
“Estamos muito divididos, ela a está favor da paz e tudo o que seu oponente diz é muito negativo”, declarou à AFP Marchelle Beason, 46 anos, em Erie, Pensilvânia.
Mas para Darlene Taylor, de 56 anos, o principal é “fechar a fronteira” com o México para bloquear a passagem dos migrantes, a grande promessa de Trump.
Qualquer que seja o vencedor, o resultado será histórico. Ele conquistaria um segundo mandato não consecutivo de um presidente desde 1893, e ela, negra e de ascendência sul-asiática, se tornaria a primeira mulher no cargo mais importante da nação.
A democrata e o republicano destacaram suas diferenças até os últimos minutos de campanha. Kamala, filha de pai jamaicano e mãe indiana, pediu que se “virasse a página” do “medo e da divisão”.
Com um programa eleitoral vago, mas centrista para tentar convencer os republicanos moderados, ela propõe ações firmes contra a imigração ilegal, avanços para a classe média e a defesa do direito ao aborto.
Trump, candidato à Casa Branca pela terceira vez, prometeu em Michigan “consertar todos os problemas” e levar os Estados Unidos e “o mundo a novos patamares de glória”, uma “era de ouro”.
Comício após comício, ele repetiu o roteiro de 2016 e 2020, apresentando-se como o candidato antissistema, próximo do povo e crítico ferrenho da elite de Washington.
O discurso é o mesmo de sempre: a luta contra os migrantes em situação irregular que, segundo ele, “envenenam o sangue” do país.
Trump já chamou os migrantes de “terroristas”, “estupradores”, “selvagens” e “animais” que saíram de “prisões e manicômios”.
Condenado por um crime no final de maio e com quatro processos pendentes, o republicano, de 78 anos, pintou um cenário sombrio do país durante uma campanha dominada pela retórica violenta.
Trump insultou a candidata democrata, 60 anos, a quem chamou de “lunática radical da esquerda”, “incompetente”, “idiota” e pessoa com um “coeficiente intelectual baixo”, entre outras ofensas. Ela respondeu chamando o adversário de “fascista”.
Além disso, os últimos dias de campanha foram marcados pelo comentário de um humorista pró-Trump que disse que Porto Rico é como uma “ilha flutuante de lixo” ou por uma gafe do presidente Joe Biden que, em resposta, disse que “lixo” eram os eleitores do republicano.
O mundo acompanha o pleito com ansiedade. O resultado terá fortes consequências nos conflitos no Oriente Médio, na guerra na Ucrânia e na luta contra o aquecimento global, que Trump considera uma falácia.
Com relação ao comércio, o magnata tem uma arma, as tarifas, para “trazer de volta” as empresas. E dois alvos imediatos: México e China. O primeiro pelo “ataque” de “criminosos” e “drogas” e o segundo, segundo ele, por enviar fentanil através do país latino-americano.
A noite das eleições promete ser longa. Para ser eleito presidente dos Estados Unidos não basta receber mais votos do que o rival. É preciso alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, integrado por 538 delegados que teoricamente devem respeitar a vontade do povo.
Também está em jogo o controle do Congresso, com a renovação dos 435 assentos da Câmara dos Representantes e 34 dos 100 no Senado, além de vários governadores.
Alguns estados realizam referendos sobre o polêmico tema do direito ao aborto.
O que acontecerá a seguir é uma incógnita. Os dois lados iniciaram dezenas de ações legais.
Alguns centros de votação foram transformados em fortalezas, vigiados por drones e com atiradores de elite nos telhados.
Na capital federal, barreiras de metal cercam a Casa Branca e o Capitólio, e estabelecimentos comerciais protegeram suas vitrines com tábuas de madeira.
As imagens de 6 de janeiro de 2021, quando simpatizantes de Trump atacaram a sede do Congresso americano, continuam na memória de todos.
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