As doenças não transmissíveis e os transtornos de saúde mental custarão à América do Sul mais de 7,3 trilhões de dólares (40,6 trilhões de reais) em perdas entre 2020 e 2050, advertiu nesta terça-feira (15) a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Um relatório encomendado pela Opas e elaborado pela Universidade de Harvard alerta sobre essas doenças, entre as quais se incluem cânceres, diabetes e doenças cardiovasculares e pulmonares crônicas.
“As descobertas são contundentes: entre 2020 e 2050 projeta-se que as doenças não transmissíveis (DNT) e os transtornos de saúde mental custarão à América do Sul mais de 7,3 trilhões de dólares em perdas de produtividade e gastos com cuidados médicos”, declarou Jarbas Barbosa, diretor da organização.
Isso se deve, principalmente, “às mortes prematuras, deficiências e à não participação na força de trabalho”, explicou em coletiva de imprensa em Washington.
Esse valor equivale, apontou ele, ao Produto Interno Bruto (PIB) anual de toda a América Latina e o Caribe.
“Projeta-se perdas econômicas enormes que vão desde 88 bilhões de dólares [489 bilhões de reais] no Uruguai até 3,7 trilhões [20,6 trilhões de reais] no Brasil”, detalhou.
O relatório foca na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, mas as conclusões são válidas para toda a região e o mundo, estima a Opas.
De acordo com os últimos dados disponíveis, as DNT são a principal causa de morte nas Américas, com seis milhões de falecimentos em 2021, quase 40% em pessoas menores de 70 anos.
Somente as doenças cardiovasculares e o câncer representam mais da metade dessas mortes, afirmou Barbosa.
“A diabetes está em crescimento” e estima-se que 43 milhões de pessoas com a doença “não podem acessar o tratamento de que precisam”, disse.
O aumento das DNT deve-se em grande parte ao envelhecimento da população e à exposição a fatores de risco.
“Hoje, 240 milhões de pessoas nas Américas vivem com uma DNT e todas precisam de atenção contínua, acessível e de qualidade, começando pela atenção primária”, afirmou o diretor do escritório para o continente americano da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A boa notícia é que muitas dessas condições podem ser prevenidas.
“Os principais fatores de risco: o consumo de tabaco, as dietas pouco saudáveis, a falta de atividade física, o consumo nocivo de álcool e a poluição do ar”, destacou Barbosa.
De acordo com o diretor da Opas, é urgente abordar essas questões porque as tendências são preocupantes.
“Aproximadamente 67,5% dos adultos nas Américas têm sobrepeso, muito acima da média mundial de 43,5%, e a região também apresenta os níveis mais altos de inatividade física, 35,6% frente a 31,3% no mundo”, disse.
O antídoto é amplamente conhecido: dietas saudáveis, atividade física, detecção precoce e melhoria no acesso aos tratamentos.
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