A morte do general iraniano Qassem Soleimani, uma figura-chave da influência da República Islâmica no Oriente Médio, morto em um ataque americano na madrugada desta sexta-feira em Bagdá, provocou preocupações em todo o mundo, com pedidos de calma para evitar uma “escalada”, enquanto Teerã promete represálias.
– IRÃ –
O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, ameaçou “vingar” a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional.
“Não há dúvida de que a grande nação do Irã e as outras nações livres da região se vingarão da América criminosa por esse assassinato horrível”, prometeu o presidente Hassan Rohani.
O ministro das Relações Exteriores Mohammad Javad Zarif falou de um “ato de terrorismo internacional dos Estados Unidos”.
– IRAQUE –
O primeiro-ministro iraquiano Adel Abdel Mahdi estimou que o ataque americano “iniciaria uma guerra devastadora no Iraque”.
“O assassinato de um comandante militar iraquiano ocupando um posto oficial é uma agressão contra o Iraque, seu Estado, seu governo e seu povo”, ressaltou Abdel Mahdi.
Uma autoridade iraquiana, Abu Mehdi al-Muhandis, número dois da Hachd al-Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-Irã integrada ao Estado iraquiano, foi morto no ataque junto ao general Soleimani.
O líder xiita iraquiano Moqtada Sadr reativou sua milícia antiamericana, o Exército Mehdi, ordenando que seus combatentes “se preparem”.
– ESTADOS UNIDOS –
O presidente presidente Donald Trump disse que o general iraniano Qassem Soleimani deveria ter sido assassinado “há muitos anos”.
“O general Qassem Soleimani matou, ou feriu gravemente, milhares de americanos durante um longo período e tramava matar muitos mais (…) Era direta e indiretamente responsável pela morte de milhões de pessoas”, tuitou Trump.
O influente senador republicano Lindsey Graham, próximo de Donald Trump, elogiou a “ação corajosa” do presidente americano “contra a agressão iraniana”.
O general Soleimani “só teve o que merecia”, disse o senador republicano Tom Cotton.
Mas para a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, o ataque a Soleimani representa “uma escalada perigosa na violência”.
“O presidente Trump acabou de jogar dinamite em um barril de pólvora, e deve uma explicação ao povo americano”, declarou o ex-vice-presidente Joe Biden, que disputa as primárias democratas para a eleição presidencial de novembro.
– LÍBANO –
O líder do movimento xiita libanês Hezbollah, um grande aliado do Irã, prometeu “a justa punição” aos “assassinos criminosos” responsáveis pela morte do general iraniano.
– PALESTINA –
O movimento islâmico Hamas, no poder na Faixa de Gaza, um território palestino de dois milhões de habitantes, condenou o ataque americano contra “o mártir” Qassem Soleimani, “um dos mais eminentes senhores da guerra iranianos”, chamando-o de “crime americano que aumenta as tensões na região”.
A Frente Popular de Libertação da Palestina (PFLP), um grupo armado, pediu uma resposta “coordenada” das “forças de resistência” na região.
– RÚSSIA –
A Rússia alertou para as consequências da operação “perigosa” americana, que resultará no “aumento das tensões na região”, segundo o ministério das Relações Exteriores russo.
Para o presidente Vladimir Putin, o assassinato ameaça “seriamente agravar a situação” no Oriente Médio.
– ONU –
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, estimou que “o mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo”, e apelou “aos líderes a fazerem prova de máxima contenção” neste momento de tensões.
– UNIÃO EUROPEIA –
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que o “ciclo de violência, de provocações e de represálias deve cessar. Uma escalada deve ser evitada a todo custo”.
O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, apelou a “todas as partes à desescalada”.
“Sempre reconhecemos a ameaça agressiva da força iraniana Al-Qods liderada por Qassem Soleimani. Após sua morte, pedimos a todas as partes que diminuam a escala. Outro conflito não é de forma alguma do nosso interesse”, declarou o chefe da diplomacia britânica.
Paris também considerou que “a escalada militar é sempre perigosa”. “Nosso papel não é ficar de um lado ou de outro, é falar com todos”, disse a secretária de Estado para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, assegurando que Paris procura criar “as condições para a paz em qualquer caso para a estabilidade”.
– CHINA –
A China, que expressou sua “preocupação”, pediu “calma”.
“Pedimos a todas as partes envolvidas, principalmente aos Estados Unidos, que mantenham a calma e exercitem auto-controle para evitar novas tensões”, disse um porta-voz da diplomacia, Geng Shuang.
– SÍRIA –
O governo sírio denunciou uma “vergonhosa agressão americana”, advertindo para uma “grave escalada” para o Oriente Médio, informou a agência oficial Sana.
O presidente Bashar al-Assad, apoiado militarmente por Teerã, assegurou que o “apoio do general Soleimani ao Exército sírio não será esquecido”.
– IÊMEN –
Os rebeldes iemenitas huthis, apoiados por Teerã, apelaram, por meio da voz de Mohammed Ali al-Huthi, uma autoridade da direção política rebelde, a “represálias rápidas e diretas”.
– ISRAEL –
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ainda não reagiu ao ataque, mas interrompeu uma viagem à Grécia para retornar ao seu país.