Porto Príncipe despertou nesta segunda-feira (17) com atividades limitadas, constatou um jornalista da AFP, depois que as gangues que controlam grande parte da capital haitiana ameaçaram atacar a polícia em resposta a uma operação dirigida contra uma delas.
Em um vídeo publicado neste fim de semana nas redes sociais, Jimmy Chérisier, conhecido como “Barbecue”, o líder da coalizão de gangues Viv ansanm, anunciou que seus homens iriam “sair às ruas para enfrentar as forças de segurança” e pediu aos habitantes que permanecessem em suas casas.
Grande parte da população levou a ameaça a sério. A maioria das escolas fechou nesta segunda-feira na capital, e apenas alguns poucos transportes públicos circulam pelas ruas.
A ameaça das gangues levou organismos internacionais a tomar medidas.
As Nações Unidas recomendaram a seu pessoal em Porto Príncipe que trabalhasse remotamente, segundo um comunicado interno consultado pela AFP.
A embaixada da França anunciou que permaneceria fechada e a dos Estados Unidos pediu aos funcionários que trabalhassem de casa.
Após as declarações de Viv ansanm, a direção-geral da polícia suspendeu as férias e as licenças de seus agentes até novo aviso.
Essas ameaças chegam após uma operação policial realizada na sexta-feira em um subúrbio de Porto Príncipe, no reduto da poderosa gangue 400 Mawozo.
Segundo as autoridades, sete membros da gangue morreram durante a operação, na qual as forças de segurança tiveram que destruir um helicóptero de apoio para evitar que caísse nas mãos dos criminosos.
O Haiti, o país mais pobre das Américas, sofre há muito tempo com a violência do crime organizado, que comete assassinatos, estupros, saques e sequestros, em um contexto de instabilidade política crônica.
A situação se deteriorou ainda mais desde o início de 2024, quando as gangues obrigaram o então primeiro-ministro, Ariel Henry, a renunciar.
O país, que não realiza eleições desde 2016, é governado por um Conselho Presidencial de Transição que não conseguiu frear a violência.
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