O novo alvo da fúria destrutiva do governo é a sardinha. A liberação pelo Ministério do Meio Ambiente
da pescaria artesanal e comercial da espécie no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE) é uma
prova de descaso com a natureza, visto que a medida, contrária a opiniões de ambientalistas, foi oficializada em pleno período de defeso, época em que os peixes se reproduzem para renovar o ecossistema. O termo de compromisso assinado na última semana estabelece que agora a pesca poderá ser feita em duas regiões do Parque Marinho entre 1º de novembro e 30 de abril durante três anos. As ferramentas permitidas são redes ou tarrafas, além disso, as embarcações não podem exceder nove metros de comprimento e precisam ter mais de três tripulantes, o que permite a pesca em larga escala.

“Hoje temos um governo federal destruidor, todos os patrimônios naturais estão em risco” Fernando Gabeira, jornalista e defensor do meio ambiente (Crédito:Vanessa Carvalho)

Defesa da natureza

A iniciativa se opõe a um estudo feito por técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) feito em 2016. “Não há motivação nos contextos econômico, histórico ou de conservação da biodiversidade que justifiquem a abertura da atividade pesqueira”, disseram os pesquisadores. O presidente Jair Bolsonaro comemorou a nova medida no Twitter. Jorge Seif, secretário federal de Aquicultura e Pesca, também parabenizou o governo pela ação. “Nós somos o Brasil que faz, o governo que trabalha”, disse. A proibição da caça estava em vigor desde 1988.

Em evidência, as ideias liberais de crescimento econômico a qualquer custo preocupam até mesmo os próprios políticos. “Tal medida em longo prazo perpetuada levará a fragilidade de proteção no país e, em casos extremos, interferir em práticas sustentáveis de turismo”, criticou o secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, José Antônio
Bertotti Júnior. Para o jornalista Fernando Gabeira, com vasta experiência na defesa do meio ambiente, a liberação da pesca é motivada por diversos interesses do governo e indica uma intenção de liberar a pesca em outras áreas de preservação.

“A decisão do ministro representa uma tentativa de iniciar uma abertura mais ampla, algo que pode prejudicar os
parques marinhos”, afirma.