Ambientalistas da Nicarágua alertaram nesta sexta-feira sobre uma acelerada destruição ambiental no país, que se agravou nos últimos 50 anos devido à exploração das florestas, à expansão das áreas agrícolas e à contaminação das águas.

“A situação ambiental do país vem se agravando progressivamente como consequência de mais de 50 anos de falta de visão integral e holística” no cuidado dos recursos, afirmaram 16 dirigentes ambientalistas em um pronunciamento divulgado em uma coletiva de imprensa.

O documento foi lido nas margens da lagoa de Nejapa, na capital, Manágua, uma depressão geológica que está severamente contaminada.

Os ativistas convocaram a coletiva para expressar sua “preocupação com a deterioração ambiental que a Nicarágua vem sofrendo” e para “prevenir que, se continuarmos desse modo, vamos sofrer as consequências” com a falta de água, disse à AFP o reconhecido ambientalista e cientista Jaime Incer.

No relatório, os ambientalistas afirmam que a expansão das fronteiras agrícola e pecuária, que sustentam a economia local, provocou um aumento da perda florestal, da contaminação dos reservatórios de água e da erosão dos solos.

“A situação do meio ambiente é muito caótica, os rios estão secando, é uma situação alarmante para as gerações atuais e futuras”, disse à AFP o dirigente do grupo Misión Bosawas, Francisco Espinoza.

Segundo Espinoza, milhares de hectares de florestas se perdem por ano na Reserva de Bosawás, um pulmão de 19.926 km2 no nordeste da Nicarágua, que foi invadido nos últimos anos por lavradores e traficantes de madeira.

Sabe-se que ao menos dez indígenas que viviam e cuidavam da reserva morreram no último ano em confrontos com colonos, acrescentou o ambientalista.

Os ambientalistas recomendam às autoridades que projetem um plano de 50 anos para proteger os lagos, a bacia do rio San Juan, os lagos de crateras, assim como as reservas naturais que ajudam a absorver as inundações e a amenizar outros eventos extremos causados pelo aquecimento global.

bm/mas/ja/db/tt