Um grupo de cientistas anunciou, nesta quarta-feira (28), o lançamento da tentativa de reabilitação mais ambiciosa da Grande Barreira de Coral, que consiste em coletar óvulos e esperma desses animais e criá-los em laboratório antes de reintroduzi-los na joia da natureza australiana.

A Grande Barreira de Coral, reconhecida como Patrimônio Mundial da Unesco desde 1981, tem uma extensão de 345.000 km2 e é considerada a maior barreira de recife do planeta.

Por conta da mudança climática, sofre episódios sem precedentes de branqueamento. Também é ameaça pela Acanthaster púrpura, uma estrela-do-mar que devora os recifes, e pelas atividades industriais e agrícolas.

Nesta quarta, pesquisadores australianos anunciaram um ambicioso projeto para criar larvas de coral que, a seguir, serão integradas nas zonas mais danificadas da Barreira.

“É a primeira vez que o conjunto do processo de criação de larvas e de integração nos recifes acontecerá na Grande Barreira de Coral”, declarou em um comunicado Peter Harrison, da Southern Cross University.

“Nossas equipes restaurarão centenas de metros quadrados com o objetivo de chegar (a restaurar) no futuro quilômetros quadrados, o que representa a maior extensão alcançada até agora”, acrescentou o pesquisador australiano.

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– Ação em defesa do clima –

O lançamento do “Projeto de restauração de larvas” acontecerá no mesmo período do ano em que acontece a reprodução dos corais, que começará durante os próximos dias e dura apenas entre 48 e 72 horas.

Seu objetivo é compilar óvulos e esperma de coral durante o breve período de segregação, depois criar larvas e reintegrá-las nas zonas danificadas da Grande Barreira.

Não obstante, esta operação conta com a dificuldade da grande dispersão de óvulos e esperma que se produz em função das ondas e das correntes marinhas.

O branqueamento de coral, que significa a perda de cor destes animais marinhos, se deve sobretudo ao aumento da temperatura da água do mar, que provoca a expulsão das algas simbióticas que dão ao coral a sua cor e os seus nutrientes.

Os recifes se recuperarão se a temperatura diminuir, mas também podem morrer se este fenômeno persistir.

Durante os últimos 20 anos, a Grande Barreira experimentou quatro períodos de descoloração extrema: 1998, 2002, 2016 e 2017.

Uma das novidades do programa impulsionado nesta quarta é que a criação de larvas será realizada em paralelo à de algas microscópicas.

“Esperamos acelerar o processo se conseguirmos que as possibilidades de sobrevivência e crescimento do coral se vejam reforçadas com a absorção rápida de algas”, explicou David Suggett, da University of Technology de Sidney, que colabora no projeto.

Harrison confia que a criação de larvas servirá para restaurar a Grande Barreira, mas reconhece que isso será insuficiente.

“A ação em defesa do clima é a única forma de garantir a sobrevivência dos recifes de coral”, afirma Harrison.


“O nosso projeto de reabilitação de recifes servirá para ganhar tempo para que as populações de coral sobrevivam e evoluam até que reduzam as emissões de dióxido de carbono e as temperaturas se estabilizem”, acrescenta.


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