A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), recebeu mais 11 notificações de casos de rabdomiólise, na segunda-feira (30). No total,  são 44 casos suspeitos de síndrome de Haff no estado, sendo 34 em Itacoatiara, quatro em Silves, dois em Manaus, dois em Parintins, um em Caapiranga e um em Autazes.

Ainda de acordo com a FVS, uma pessoa de Itacoatiara morreu. Até segunda-feira (30),  10 pessoas, todas de Itacoatiara, ainda estavam internadas. Os demais pacientes receberam alta hospitalar.

A Síndrome de Haff, conhecida como doença da “urina preta”, é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes e crustáceos. A substância gera danos no sistema muscular e em órgãos como rins. No entanto, a FVS destaca que os casos estão em investigação já que o consumo de peixe contaminado não é o único motivo que pode causar algum tipo de rabdomiólise.

Além de outros tipos de alimentos contaminados, a rabdomiólise pode se manifestar na sequência de traumatismos, atividade física excessiva, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas e infecções.

Síndrome de Haff

A “doença da urina preta” se constitui em um tipo de rabdomiólise, nome dado para designar uma síndrome que gera a destruição de fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro das fibras (como eletrólitos, mioglobinas e proteínas) no sangue.

O nome foi dado em razão da descoberta da doença em um lago chamado Frisches Haff, na região de Koningsberg em 1924. O território, à beira do Mar Báltico, pertencia à Alemanha, mas foi incorporado à Rússia posteriormente, constituindo um enclave entre a Polônia e a Lituânia.

A doença de Haff gera uma rigidez muscular. Além disso, frequentemente ocorre como consequência o aparecimento de uma urina escura em função da insuficiência renal, razão pela qual essa expressão é utilizada para se referir à enfermidade.

Em artigo sobre a doença, médicos do Hospital São Lucas Copacabana explicam que ainda não houve confirmação sobre a natureza da toxina constante nos peixes cuja ingestão provocou a doença. Em alguns livros, ela está associada ao envenenamento por arsênico.

Ao G1, a infectologista Mariana Tassara explicou que a toxina pode ser desenvolvida em peixes crus ou cozidos, já que ela é termoestável, ou seja, não é eliminada em altas temperaturas. “O acondicionamento desse peixe pode causar essa toxina que provoca a intoxicação alimentar. Por ser uma síndrome bem rara, não é preciso ter pânico”, explicou a médica.

Ainda conforme os especialistas, a toxina não tem nem gosto nem cheiro específicos, o que torna mais complexa a sua percepção. Ela também não é eliminada pelo processo de cocção do peixe.

Nos relatos registrados ao longo dos anos, pessoas acometidas da doença ingeriram diferentes tipos de peixe, como salmão, pacu-manteiga, pirapitinga, tambaqui, e de diversas famílias, como Cambaridae e Parastacidae.

* Com informações da Agência Brasil