Amanda Knox chega à Itália para debater crime em evento

MILÃO, 13 JUN (ANSA) – A norte-americana Amanda Knox, protagonista de um dos mais célebres casos policiais da Itália, retornou ao país europeu nesta quinta-feira (13), pela primeira vez desde que foi absolvida em 2011 pelo assassinato da estudante britânica Meredith Kercher.   

Knox desembarcou nesta manhã no aeroporto de Linate, em Milão, em um voo de Dublin, segundo informou a polícia italiana à imprensa local. A jornalista e escritora está no país para participar do 1º Festival de Justiça Penal em Modena, que será realizado entre os dias 13 e 15 de junho. Ela é convidada do painel “O Processo Penal Midiático”, que acontece no sábado, e abordará as “condenações injustas”.   

Acompanhada de seu namorado, mãe e advogados, incluindo Martina Cagossi, representante do Projeto Inocência da Itália, Amanda deixou o aeroporto escoltada pela polícia italiana. A americana não falou com a imprensa. A expectativa é de que Knox participe ainda nesta noite da inauguração do Festival, em um evento privado. “Ela está absolutamente feliz por ter vindo à Itália e por participar de um evento científico de alto nível com juízes, advogados e professores universitários”, explicou Cagossi.   

Amanda Knox chegou a ser acusada e condenada pelo assassinato de sua colega de quarto, Kercher, então com 22 anos, em 1 de novembro de 2007, em Perugia. O corpo da britânica foi encontrado degolado, seminu e com vários ferimentos. Ela cumpriu quatro anos de prisão, junto com seu ex-namorado, o italiano Raffaele Sollecito, também apontado como participante do crime. Em 2011, porém, a americana foi absolvida pela Corte de Cassação, instância máxima da Itália. Até hoje, apenas o marfinense Rudy Guede, que teria se encontrado com Meredith no dia do assassinato, é o único condenado. Em janeiro deste ano, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, por sua vez, determinou que a Itália violou os direitos de defesa de Knox durante o processo e ordenou que o Estado pagasse um total de mais de 18 mil euros em indenizações e custos legais. O tribunal também decidiu, no entanto, que não tinha nenhuma evidência para mostrar que Knox havia sido submetida aos maus-tratos, como ela havia reclamado. No próximo sábado (15), durante o evento judicial, ela irá expor sua história para debater como a mídia impactou no processo. “Não queremos enfrentar seu caso judicial, destruído de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Queremos trazer seu testemunho de como a mídia impactou seu caso judicial”, acrescentou a advogada. Para Cagossi, Amanda não tem intenção de fazer declarações antes de sua participação no painel. “Ela tem um caráter muito forte e é capaz de resistir até mesmo a esses momentos de tensão”.   

Horas antes de sair de sua casa, em Seattle, Knox postou uma imagem no Instagram com seu noivo Christopher Robinson. “Aqui vamos nós. Nos desejem, ‘Buon viaggio!”, escreveu. (ANSA)