NOVA YORK, 19 DEZ (ANSA) – A norte-americana Amanda Knox, absolvida na Itália do assassinato da estudante britânica Meredith Kercher, apresentará um programa de entrevistas com mulheres “humilhadas” ou “demonizadas pela imprensa”.
A atração se chamará “Scarlet Letter Reports” e será transmitida via Facebook, com produção da Vice Media, publisher da “Vice Magazine”. Aos 30 anos de idade, Knox entrevistará uma série de mulheres que foram “sexualizadas, escrutinadas e demonizadas pela imprensa”. Além disso, discutirá como essas pessoas reconstruíram suas vidas.
“Enquanto estava atrás das grades por causa de um homicídio que não cometi, a acusação me descreveu como uma ‘mulher fatal’ obcecada por sexo e com poderes mágicos para controlar os homens”, disse a norte-americana em um comunicado da Vice.
Hoje jornalista e escritora, Knox foi acusada pelo homicídio de Meredith Kercher, ocorrido em 1º de novembro de 2007, na cidade italiana de Perúgia, onde ambas estudavam e dividiam uma casa. O corpo da britânica foi encontrado na residência degolado, seminu e com uma série de feridas.
O caso logo chamou atenção pelas circunstâncias que o envolviam.
Ao lado do marfinense Rudy Guede, único condenado em definitivo pelo crime, Knox e seu então namorado, o italiano Raffaele Sollecito, foram acusados de matar Kercher em meio a discussões sobre a limpeza da casa e jogos sexuais que fugiram do controle – hipótese desconsiderada posteriormente.
A beleza da norte-americana também foi outro chamariz para o homicídio. Na Itália, ela ficou conhecida como “a diaba com rosto de anjo”. O ex-casal chegou a ser sentenciado após o DNA de Knox ter sido encontrado em uma faca com o sangue da vítima e ficou preso na Itália até 2011, quando a Corte de Cassação, tribunal supremo do país, anulou o processo por falhas na perícia.
No mesmo dia em que foi libertada, a norte-americana voltou para a casa de sua família, em Seattle. No fim de 2013, o mesmo tribunal determinou a reabertura do caso, já que a inocência dela e de Sollecito não tinha sido comprovada, culminando em uma sentença condenatória da Corte de Apelação de Florença em janeiro do ano seguinte. Contudo a decisão foi novamente derrubada pela Corte de Cassação, que não viu indícios de participação de Knox e Sollecito no assassinato e os absolveu em definitivo. Já Guede foi condenado por ter invadido a casa e matado Kercher, mas ele alega que conhecia a britânica e que estava na residência a convite dela. Segundo sua versão, o homicídio ocorreu enquanto ele estava no banheiro, após uma discussão entre Kercher e Knox. (ANSA)