O procurador-geral do Estado da Paraíba, Gilberto Carneiro da Gama, foi alvo de buscas e apreensões, nesta terça-feira, 30, a nova fase da Operação Calvário que mira suposto esquema de fraudes que envolve R$ 1,1 bilhão em contratos da Saúde. Além da residência de Gama, seu gabinete foi vasculhado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. Na mesma manhã, ele foi exonerado do cargo pelo governador João Azevedo (PSDB).

De acordo com as investigações da Calvário, a Cruz Vermelha, que administra o hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, teria firmado contratos superfaturados para viabilizar desvios de verbas.

A operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) na Paraíba, chegou a prender a secretária de Administração, Livânia Farias, sob suspeita de pagar uma casa de R$ 400 mil com dinheiro de propinas.

A ação do Ministério Público tem como peça chave a delação de Leandro Nunes Azevedo, ex-gestor de contrato da Secretaria Estadual de Administração, que confessou ter viajado a pedido de Livânia para buscar R$ 900 mil em dinheiro vivo de representantes da Cruz Vermelha em nome de Livânia. Nesta terça, doze pessoas são alvo de buscas e apreensões e uma funcionária da procuradoria-geral do Estado foi presa.

Para o desembargador Ricardo Vital de Almeida, relator da Calvário no Tribunal de Justiça da Paraíba, sobre “Gilberto Carneiro da Gama existem razoáveis indícios de ter ele estreita relação com Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, ocupante do cargo comissionado de assistente de gabinete com lotação na Procuradoria Geral do Estado, a qual estaria cumprindo determinadas ordens dele provindas”.

A Promotoria suspeita que Maria Laura, presa nesta terça, tenha operado propinas, assim como Leandro Azevedo, o delator da Calvário, confessou ter feito para a ex-secretária de Administração da Paraíba, Livânia de Farias.

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Segundo o Ministério Público da Paraíba, “com a permanência de Gilberto Carneiro à frente da Procuradoria-Geral do Estado, Maria Laura permaneceu intocável, malgrado existirem elementos indiciários de nunca haver ela efetivamente exercido o cargo, tratando-se de mera acomodação administrativa”.

“Mesmo após a deflagração da Operação Calvário no Rio de Janeiro, a investigada se manteve no cargo”. Segundo o Ministério Público, parte do dinheiro da suposta organização criminosa pode ter bancado a festa de aniversário de 50 anos de Gilberto Carneiro.

“Diálogos de WhatsApp demonstram que, no período entre 14/11/2014 a 16/11/2014, Gilberto Carneiro viajou ao Rio de Janeiro com sua esposa, sendo recepcionado por Michele Louzada, bem como Christiano Camerino, o mesmo motorista usado por Michelle Louzada para entregar R$ 840 mil a Leandro Nunes aos 08/08/2018, ficou à disposição Gilberto Carneiro no período em que este e sua esposa permaneceram no Rio de Janeiro”.

O Ministério Público menciona um áudio em que Gilberto Carneiro da Gama e Waldson de Sousa, secretário de Planejamento, também exonerado nesta terça, apesar de não ter sido alvo da Calvário, em que ambos “entabulam, com um empresário, e entre si, estratagemas para alcançar vantagens de diversas ordens, tendo como pano de fundo a Saúde Pública do Estado”.

“Disso, na versada hipótese, em relação a Gilberto Carneiro, existe um conjunto de fatos e eventos, os quais apontam para seu envolvimento com a Orcrim (organização criminosa) em referência e justificam o aprofundamento das investigações em curso através de medidas cautelares, sendo necessária a realização de buscas no seu domicílio e também no seu local de trabalho, porquanto documentos imprescindíveis à investigação poderão ser encontrados neste último ambiente”, anotou o desembargador.

Defesa

A reportagem está tentando contato com o procurador Gilberto Carneiro da Gama. O espaço está aberto para manifestação para todos os citados da Operação Calvário.


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