Morador do Complexo da Maré, na zona norte do Rio, José Wallison Souza do Nascimento, 19, conseguiu uma bolsa para estudar no Colégio de São Bento, uma tradicional e conceituada escola da cidade. Com a educação de elite, ele entrou para uma faculdade de medicina. A apuração é do UOL.

José Wallison faz parte dos 10% de alunos negros das 20 melhores escolas privadas do Brasil, segundo levantamento do Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa), da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), com base no Censo Escolar de 2020. A pesquisa também averiguou a desigualdade racial na elite do ensino privado do país nas escolas mais bem colocadas no Enem de 2019, localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará, Piauí e Paraná.

Só na cidade do Rio de Janeiro, a pesquisa listou dez escolas de elite educacional. Entre elas, duas unidades do Colégio Santo Agostinho, nos bairros do Leblon e Barra da Tijuca, que têm baixo percentual de pretos e pardos, de 1% e 2%, na mesma ordem. Para estudar lá, é preciso desembolsar 4.322,69 reais mensais para o terceiro ano de ensino médio. Em outras duas escolas a situação é parecida: na Escola Eleva (1% de negros) e no Colégio São Bento (3%), com mensalidades de 5.486,00 reais e 4.393,77 reais, respectivamente.

Isso reflete nas universidades. Embora o ensino superior tenha ações afirmativas raciais e socioeconômicas, o principal público ainda é de alunos de escolas privadas. De acordo com o IBGE, aumentou de 50,5% para 55,6% a parcela de pretos e pardos com idades de 18 a 24 anos na universidade entre 2016 e 2018. Mas, ainda assim, a pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil mostra que esse patamar bem longe dos 78,8% de estudantes brancos na mesma faixa etária cursando o ensino superior.