Desde que a lama de rejeitos da Samarco atingiu o Rio Doce e o mar, os moradores de Regência, no Espírito Santo, perderam o único lazer que tinham. Acostumadas a tomar banho de rio e pegar onda no mar, há um ano as crianças procuram uma nova diversão. Pensando nisso, um grupo de estudantes do Colégio Sidarta, em Cotia, na Grande São Paulo, viajou ao município para construir parques e revitalizar a biblioteca e uma creche.

Em cinco dias, 50 estudantes do 9.º ano do ensino fundamental e 1.º ano do ensino médio, que fazem parte do projeto Andoriar, entregaram à cidade os espaços de lazer. Claudia Siqueira, diretora do Sidarta, disse que a intenção do trabalho voluntário foi proporcionar uma troca de experiências e conhecimentos entre os alunos e os moradores. “O aprendizado não acontece só na escola, mas no contato com as pessoas.”

Com os moradores de Regência, os alunos pintaram e criaram uma sessão infantojuvenil na biblioteca comunitária, construíram dois parques de bambu, um parque sensorial para a creche – que também foi pintada -, uma composteira e um site para divulgar artistas locais.

“Nossos alunos sofreram muito com o acidente, além de não ter onde brincar, ainda vivem em famílias que estão passando por dificuldade por não conseguirem trabalhar”, disse Sandra Santos, diretora da creche. Ela contou que, desde o acidente, sente as crianças mais agressivas e ansiosas. Também houve evasão e aumento de faltas.

Voluntariado. O projeto Andoriar é uma proposta do colégio Sidarta para que os alunos de 9.º ano experimentem o “volunturismo” – turismo e trabalho voluntário -, em vez de uma viagem de formatura tradicional. No ano passado, eles foram para Florianópolis e, agora, por causa do acidente, ajudaram Regência. “Eles foram os últimos atingidos pela lama e o impacto ainda é grande. Nós abordamos o acidente em aula, mas, em uma semana vivenciando realmente a situação, os alunos aprenderam muito mais”, disse a orientadora Camila Niemeyer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.