SÃO PAULO, 14 DEZ (ANSA) – Pela primeira vez, alunos de 12 e 13 anos de escolas brasileiras enviarão um experimento para a Estação Espacial Internacional (ISS) no âmbito de um programa norte-americano de incentivo ao envolvimento de jovens com a pesquisa científica.   

O projeto foi escolhido por meio de um concurso realizado em parceria pelo colégio Dante Alighieri, em São Paulo, e pela Missão Garatéa, consórcio de universidades e empresas brasileiras que tem como objetivo lançar uma sonda lunar em 2021.   

Ao todo, 335 alunos e 73 projetos participaram da competição, cujo resultado foi anunciado nesta quinta-feira (14). A ideia vencedora se chama “Cimento Espacial” e pretende descobrir de que forma a microgravidade afeta o processo de endurecimento do cimento misturado com plástico e água.   

O projeto foi desenvolvido por seis adolescentes, sendo quatro do Dante, uma do Projeto Âncora e outro da Escola Municipal Perimitral – com exceção deste último, que está no oitavo, todos estudam no sétimo ano do ensino fundamental.   

“Todos os alunos foram convidados a pensar no que seria relevante, no que eles gostariam de levar para a estação internacional. Eles trouxeram suas ideias para a escola, colocaram na mesa e as defenderam, tiveram de argumentar, foi um processo bem legal”, diz Sandra Tonidandel, coordenadora-geral pedagógica do Dante Alighieri e que está à frente do projeto no colégio.   

Inicialmente, as 73 ideias foram apresentadas a um júri técnico de 60 pesquisadores, que, juntamente com uma votação aberta ao público, escolheram, em 21 de outubro, 10 finalistas. Os experimentos selecionados passaram por um programa de qualificação, sob coordenação de Lucas Fonseca, da Missão Garatéa, para nova triagem na banca, que anunciou, em 16 de novembro, os três melhores. Os vencedores foram avaliados por pesquisadores norte-americanos, que escolheram o “Cimento Espacial”.   

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Os autores do experimento acreditam que o cimento com plástico verde se comportará de forma semelhante ao que acontece na Terra, o que abriria novas possibilidades para a fabricação de materiais usados no Espaço – uma das premissas dos alunos é a possível ocupação de outros planetas do sistema solar, como Marte.   

Serão preparados dois tubos: um ficará na Terra para controle, e outro será levado à estação por um astronauta da Nasa. Cada um será dividido em duas partes por presilhas, uma com água e outra com cimento misturado ao plástico verde. Na ISS, o astronauta removerá a presilha, chacoalhará o tubo e o deixará em repouso.   

No fim da expedição, o tubo voltará à Terra para ser comparado àquele que ficar no planeta. A iniciativa faz parte do Student Spaceflight Experiments Program (Ssep), promovido pelo Centro Nacional para Educação Científica para Terra e Espaço (Ncesse).   

O programa surgiu em 2010 e, até hoje, apenas experimentos de escolas de Canadá e EUA foram enviados à ISS.   

Segundo Tonidandel, os alunos passarão as próximas semanas, no período de férias, montando o experimento, que será apresentado em um congresso em Washington no dia 20 de janeiro. O projeto deve embarcar para a ISS em uma nave da empresa SpaceX ainda no primeiro semestre. (ANSA)


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