O turismo tenta recuperar a força, mas sem perder de vista os cuidados com a covid-19. Donos de imóveis e pousadas em destinos turísticos já têm cobrado, por conta própria, comprovação das duas doses da vacina antes de fechar a locação. Em alguns estabelecimentos, o passaporte garante desconto nas diárias e até drinques grátis em hostels, opções de hospedagem mais econômicas baseadas no compartilhamento de espaços.

Com um apartamento disputado em Cabo Frio (RJ), o comerciante Ibsen Ruas Almeida, de 57 anos, pede o documento desde setembro para os interessados que aparecem na plataforma Airbnb. E garante que ainda não cancelou hospedagens. “Pedimos porque é segurança para todo mundo, tanto para os hóspedes quanto para nós. E não adianta uma pessoa se vacinar. Toda a população precisa fazê-lo”, alerta.

Dona de um estúdio de 33 metros em frente ao mar, na praia de Itararé (SP), a fisioterapeuta Júlia Gandara, de 41 anos, decidiu cobrar a imunização dos hóspedes nas próximas reservas. Segundo ela, a intenção inicial não é cancelar reservas. “Caso a situação fique mais complicada, vou analisar a possibilidade de colocar algo no anúncio”, afirma.

Já o anúncio do apartamento de Sônia Pereira na praia de Iracema (CE) pede, logo de cara: “devido à pandemia da covid-19, estamos solicitando de todos os hóspedes a foto do passaporte de vacina”.

A iniciativa tem apoio da plataforma. “Os anfitriões devem especificar na descrição do anúncio, como nas regras da casa, eventuais exigências sobre vacinação de hóspedes”, informa o AirBnB, que reúne mais de 4 milhões de anfitriões pelo mundo. Se o hóspede descumpre as regras, diz a empresa, o anfitrião podem cancelar a reserva sem penalidades.

A necessidade de comprovar a vacinação para entrar no Brasil foi oficializada dia 20, em portaria atendendo ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem foi dada em ação contra a gestão Jair Bolsonaro, opositora do passaporte.

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Brasileiros e estrangeiros residentes não vacinados, porém, podem optar por quarentena de pelo menos cinco dias, seguida de teste negativo. Estrangeiros não têm essa opção.

O Desfrute Hostel Guarujá (SP), entre as praias do Tombo e Astúrias, pede comprovante desde que reabriu, em maio. Ali há preocupação extra pela proximidade com o porto de Santos, entrada de navios estrangeiros para muitos turistas no verão “A grande maioria entende que a vacina é o único meio de vencer a pandemia, mas já tivemos casos em que declinamos da hospedagem para não colocar o ambiente e os hóspedes em risco”, diz o dono, Paulo Geraldini.

Isso se repete em outros Estados. “A pessoa precisa comprovar a vacinação no momento do check-in”, avisa Luigi Moraes, 31 anos, responsável pelo atendimento do Zili Pernambuco Hostel, no Recife.

PRÊMIOS. A vacinação completa também pode garantir benefícios. A campanha “Vacina no braço, mochila nas costas” estimulou estabelecimentos a dar vantagens – descontos e até drinques grátis – para imunizados. “Foi uma forma de mobilizar os hostels do Brasil, colocando todos novamente no radar do viajante e incentivando as pessoas a tomarem a segunda dose”, explica o idealizador, Diego Bonel, do site Brasil Hostel News. Ao todo, 147 estabelecimentos participaram da ação, que terminou em novembro.

Os resultados foram tão bons que vários hostels mantiveram os descontos, como o Ô de Casa. Vacinados que procuram o endereço boêmio da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, ganham caipirinha de boas-vindas e 10% de desconto no fim da estadia. “A gente esperou muito esse momento. A vacina é que vai fazer o turismo retomar”, diz Marina Moretti, dona do local.

O Green Haven Hostel, em Ubatuba (SP), também oferece descontos no check-in. “Nos últimos meses, a gente recebeu muita gente que apresentou o comprovante. Agora, notamos diminuição. Não sei se é por esquecimento ou porque já normalizaram essa questão de todos estarem vacinados”, falou o proprietário Vinícius Fiore, 39 anos.

O Madá Hostel, em São Paulo, planeja ofertar descontos. “Acredito que é uma maneira de promover a vacinação”, fala Ramon Mascena, 22 anos, responsável pela comunicação do local. “É uma forma de o cliente se sentir mais seguro.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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