Há dois anos, a empresária Maynara de Jesus, de 30 anos, precisava de um celular de última geração como ferramenta de trabalho. Com uma rápida pesquisa, encontrou o aluguel de smartphones e escolheu um iPhone 12 (64 GB) por meio da startup Leapfone, com mensalidade de R$ 299. Após 30 meses, teve opção de comprar o gadget. “Agora ele é meu. Algumas locadoras não oferecem isso. Por isso, indico a prática, que é fácil, rápida e útil.”

Ela é um exemplo de uma pesquisa da Mobile Time/Opinion Box, que indica que brasileiros levam mais de dois anos para trocar de celular. Mesmo assim, 51% pretendem trocar em até um ano. Para esse nicho, aluguel, assinatura e outras facilidades passam a ser vantagens. É o caso do empresário Adeyc Borges, 31, que tem um iPhone 13 Pro Max (128) pela allu, plataforma de assinatura. “Ele estava caro para compra e imaginei escolher um modelo inferior, mas não foi necessário. Sendo assinante, também tenho seguro e assistência”, lista. Hoje, um celular igual ao de Borges ultrapassa os R$ 8 mil. Pela allu, ele sai por R$ 3.897 por 12 meses, ou seja, R$ 324,75 mensais. Após esse período, ele pode renovar o contrato, trocar ou devolver o dispositivo. A plataforma cresceu 121% em 2022. Pedro Sant’Anna, COO da empresa, explica o que os difere da locação. “O aluguel está relacionado ao acesso ao produto, já a assinatura tem serviços agregados. Oferecemos proteção contra furto e roubo, assistência técnica, celular reserva, capinha, película e carregador.”

“Ocorre com os smartphones o que aconteceu com o mercado de carros, que começou com venda de novos e evoluiu para usados, seminovos e aluguel” Guille Freire, cofundador da Trocafone (Crédito:Fabrykant)

“Os usuários entenderam sobre a vida útil de um aparelho e suas atualizações tecnológicas”, cita o especialista em transformação digital Jefferson Yoshizume. Assim, facilidades para atrair o consumidor surgem. O Itaú tem o programa iPhone pra Sempre, em que seus clientes pagam 70% do valor de um dispositivo em 21 meses. Depois disso, podem ficar com o telefone (pagando os 30% restantes), fazer um upgrade ou devolver o aparelho. A Samsung tem ofertas semelhantes com a Porto Seguro Bank e Itaú Unibanco, com um ponto forte da marca. “O Android é o sistema mais utilizado no País, alcançando fatia superior a 80% da população”, destaca Carlos Formigari, diretor do Itaú Unibanco.

A Trocafone, startup de troca e venda de smartphones, entrará no segmento no próximo semestre. “Essa tendência é similar com o mercado de carros, que começou com venda de novos, depois evoluiu para usados e seminovos. O mesmo acontece com o smartphone. Este é o momento para investir em plataforma de aluguel”, diz Guille Freire, cofundador da empresa. “O Brasil tem problema de acesso à tecnologia, que é cara. Nosso objetivo é democratizar isso”.