Alto comando militar russo coordenou envenenamento de Skripal, aponta investigação independente

Alto comando militar russo coordenou envenenamento de Skripal, aponta investigação independente

O envenenamento, no ano passado, do ex-agente russo Serguei Skripal em Salisbury, no sul da Inglaterra, foi coordenado em Londres pelo alto comando da inteligência militar russa, segundo uma investigação independente.

O site de investigação Bellingcat anunciou nesta sexta-feira à noite que uma apuração feita com a BBC permite afirmar que a operação foi liderada pelo comandante-geral do serviço de inteligência militar (GRU), Denis Sergeyev.

De acordo com o Bellingcat, Sergeyev estava no Reino Unido no momento do ataque contra Skripal e sua filha, Yulia. Ele também estava presente na Bulgária, em 2015, quando ocorreu o envenenamento, com os mesmos sintomas, de um vendedor de armas local.

A BBC e o Bellingcat observaram os movimentos e as comunicação telefônicas de Sergeyev durante sua estadia em Londres, quando usou um tipo de telefone que “não deixa os mesmos rastros que os números normais”.

De acordo com a BBC, ele usou aplicativos de mensagem como o WhatsApp e o Telegram para se comunicar com os dois agentes russos presentes em Salisbury – presos, então, pela polícia, afirmaram ser apenas turistas – e com seu comandante em Moscou.

Serguei Skripal e sua filha sobreviveram ao envenenamento e atualmente vivem escondidos.

“A participação de um comandante-geral mostra a importância dada a esta operação”, escreveu o Bellingcat.

O serviço russo da BBC afirmou que Sergeyev e sua mulher deram o endereço da academia militar do GRU em documentos oficiais.

Londres e Washington consideram o GRU a principal ameaça contra a segurança dos interesses ocidentais no exterior.

A Rússia sempre negou estar por trás do envenenamento de seu ex-espião.

Esta investigação mostra como o GRU coordena as operações no exterior, “com um oficial superior que comunica com Moscou e comunica muito pouco, ou nada, com os executores, que já receberam suas instruções”, explica o Bellingcat.

O site afirma que obteve “provas de outras operações internacionais realizadas pela mesma equipe, o que mostra que é um modelo estável de operações do GRU”.