Os 4% da população brasileira que se deslocam costumeiramente de bicicleta pouco sofreram com a greve dos caminhoneiros. Pelo contrário, essa multidão que pedala mostrou ser possível viver nas grandes cidades sem depender tanto dos automóveis, como indica o estudo “A Economia da Bicicleta no Brasil”, divulgado na semana passada e elaborado pelo Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela associação empresarial Aliança Bike.

A constatação de que 62% dos deslocamentos de bicicleta em São Paulo são de até sete quilômetros, enquanto 50% das viagens de metrô percorrem até cinco quilômetros, indicam que essa forma de locomoção precisa ser melhor avaliada. “Não se trata de demonizar os carros. Só que boa parte dos trajetos poderia ser no pedal”, diz Daniel Guth, coordenador da Aliança Bike. No auge do desabastecimento, a empresa de entregas Carbono Zero, que atua na Grande São Paulo só com bicicletas e veículos elétricos, registrou aumento de 300% na procura. Só foi possível atender um a cada seis dos novos pedidos. “Recusamos uma distribuidora de cigarros”, contou o empresário Leonardo Lorentz. “Não faria sentido”.

Incentivo

Na Ciclovia da Avenida Faria Lima, onde se concentram grandes escritórios, o movimento cresceu 17,5%, com cinco mil viagens a mais entre 21 e 26 de maio. A procura pelo serviço compartilhado de bicicletas Bikxi foi recorde. No Rio, São Paulo, Recife, Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte, o preço do aluguel de bicicletas patrocinadas pelo banco Itaú caiu de R$ 5 para R$ 0,10 como forma de incentivo.