“Nunca na vida eu agredi homem, muito menos mulher que respeito muito. Isto não  me tira o direito de me defender de tentativas de agressão” - Lírio Parisotto
“Nunca na vida eu agredi homem, muito menos mulher que respeito muito. Isto não me tira o direito de me defender de tentativas de agressão” – Lírio Parisotto

De um lado, uma das modelos mais famosas do Brasil. De outro, um empresário com participações acionárias em algumas das maiores empresas do País. No centro, um escândalo doméstico que foi parar na Justiça. Na sexta-feira 1º, em entrevista ao jornal “O Globo”, Luiza Brunet expôs, com riqueza surpreendente de detalhes, o que teria sido uma série de agressões físicas que partiram de seu companheiro de 5 anos, o multibilionário Lírio Parissotto. Como era de se esperar, o depoimento de Luiza provocou um terremoto nas redes sociais. A enorme repercussão levou Lírio a dar uma declaração pública pouco tempo depois. “Nunca na vida agredi homem, muito menos mulher, que respeito muito, quem me conhece sabe. Isto não me tira o direito de me defender das tentativas de agressão através de tapas, chutes, mordidas, unhadas, etc. Tento me defender através da imobilização”, declarou empresário, que diz esperar a justiça para que a verdade seja esclarecida.

Luiza afirmou que as agressões ocorreram em uma suíte do Hotel Plaza Residence, em Nova York. Segundo a modelo, ela saiu do hotel com hematomas no rosto e quatro costelas quebradas. O casal tinha ido à cidade americana para participar do evento “Homem do Ano” e o desentendimento, de acordo com a ex-modelo, começou quando Parisotto foi questionado durante um jantar com amigos se iria a uma exposição fotográfica. Fora de si, ele teria dito que não compareceria por já ter sido confundido com o ex-marido da atriz. No apartamento, Luiza teria se sentado na poltrona, como de costume, para fumar um cigarro e conversar com o companheiro. Já de roupão, segundo Luiza, Lírio começou a ofendê-la, deu um soco em seu olho, a chutou e, depois de derrubá-la no sofá, a imobilizou, quebrando quatro costelas dela.

EM NOVA YORK A última briga do casal ocorreu nos EUA, horas depois de um evento que homenageou um empresário local
EM NOVA YORK A última briga do casal ocorreu nos EUA, horas depois de um evento que homenageou um empresário local

A modelo afirma que o empresário só a soltou quando ela ameaçou gritar por ajuda. Desesperada, Luiza disse que se trancou no quarto e saiu quando percebeu, no dia seguinte, que ele não estava mais lá. Sem pensar duas vezes, voltou ao Brasil para apresentar queixa. “É doloroso, aos 54 anos, ter que me expor dessa maneira. Mas eu criei coragem, perdi o medo e a vergonha por causa da situação que nós, mulheres, vivemos no Brasil”, disse a modelo. No dia 8 de junho, antes de contar a sua história, Luiza publicou uma mensagem no Facebook encorajando mulheres a denunciarem seus agressores. Procurada pela reportagem, confirmou o relato divulgado na imprensa, mas não quis falar sobre o assunto. O empresário não retornou às ligações e mensagens enviadas por ISTOÉ.

Luiza fez uma representação no dia 23 de junho no Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid), do Ministério Público de São Paulo, relatando ter sido vítima de agressão doméstica. Por causa disso, o promotor Carlos Bruno Gaya da Costa requisitou a realização de exames de corpo de delito e instaurou um procedimento investigatório criminal que está em fase inicial e é protegido por sigilo. Na quarta-feira 29, a Justiça decretou que Lírio Parisotto está proibido de se aproximar de Luiza e de manter contato com ela por qualquer meio. Agora, o caso será investigado pelo Ministério Público.

Se forem confirmadas as afirmações de Luiza, ela entraria para as estatísticas em um Brasil que ocupa a quinta posição no ranking global de violência contra a mulher, entre 83 países elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Assim como teria acontecido no caso da ex-modelo, a maioria das agressões é cometida por pessoas próximas. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 67% dos casos de violência registrados entre as mulheres são feitos por parentes ou conhecidos. No ano passado, 2,4 milhões foram vítimas de agressões por alguma pessoa próxima, de acordo com o Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil. E esse número deve ser ainda maior, já que muitas, por vergonha, receio ou medo, deixam de denunciar os seus agressores.