Com a percepção de aumento do risco fiscal no Brasil, os juros que remuneram o Tesouro Direto voltaram a subir. Os títulos atrelados à inflação, por exemplo, já estão cotados pela variação do IPCA mais remuneração de 6% ao ano, o maior nível em seis anos. Esse cenário decorre das dúvidas em relação à “PEC Kamikaze” e o temor de uma bomba fiscal para o próximo governo. Por isso, investidores passaram a exigir taxas maiores, o que se reflete no Tesouro Direto.

Foi por esse motivo que, na tarde de ontem, o Tesouro Prefixado atrelado à inflação com vencimento em 2055 era o que oferecia o maior retorno ao investidor: IPCA mais 6,10%. Já o com vencimento em 2035 pagava com taxa de 6%. O título com vencimento mais curto, em 2026, oferecia IPCA mais 5,85%. “Já estávamos em um período de juros altos pela inflação pressionada, o que já fazia a taxa subir. Mas agora estamos com um risco fiscal maior com a PEC de Bondades, que era um risco não projetado antes”, explica a analista da corretora Rico, Paula Zogbi.

Ela afirma que a recomendação geral é para que o investidor, ao comprar um título público, avalie primeiro a necessidade de recursos ao longo do tempo, evitando assim ter de sacar o dinheiro antes do prazo de vencimento do papel e perder o rendimento integral. A analista diz que, com a taxas que estão sendo pagas hoje, o melhor negócio para o investidor é buscar os títulos com vencimento de mais curto prazo.

RISCO

“Não existe um prêmio que faça valer optar por prazos mais longos”, diz. Segundo ela, os títulos mais longos não estariam, até agora, embutindo um cenário de elevação de maior risco fiscal. “Não vale o risco de sair dos com vencimento em 2025”, avalia. No caso da aplicação de dinheiro da chamada reserva de emergência, a indicação é investir no Tesouro Selic, que segue a variação da taxa básica de juros.

“De uma maneira geral, os investimentos em renda fixa, hoje, estão muito atrativos. Uma rentabilidade de 6% acima da inflação medida pelo IPCA é ótima para quem puder deixar seu dinheiro investido até o vencimento do título”, afirma o professor da Escola de Economia da FGV Henrique Castro. Ao contrário do que se pensa por se tratar de um investimento em renda fixa, o valor do título do Tesouro Direto oscila, já que seu valor depende de variáveis de mercado, como o juro no futuro. Para manter um retorno do IPCA mais 6% ao ano, por exemplo, o investidor precisa manter o papel em mãos até o vencimento.

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A cofundadora da casa de análise Nord, Marília Fontes, afirma que os investimentos em títulos prefixados, como os atrelados à inflação, podem ser uma boa opção apenas se o investidor tiver segurança de que a tendência é de baixa das taxas de juros. No entanto, a sua avaliação é de que o momento ainda é muito incerto. Por isso, sua indicação nesse momento é de investimento nos títulos pós-fixados (caso do Tesouro Selic), que estão pagando nesse momento 1% de juro ao mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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