Sem citar nomes, mas com menções claras a discursos de líderes como o presidente americano, Donald Trump, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), fez nesta sexta-feira, 5, um discurso de crítica ao protecionismo e ao nacionalismo.

“Há uma tendência de muitos governos de dizer ‘meu país em primeiro lugar’, de que as regras de convivência internacional só são boas quando me favorecerem”, disse o chanceler ao abrir um seminário realizado nesta pela Fiesp sobre as negociações por um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.

Ao tratar do tema central do evento, o chanceler considerou que o acordo terá um “enorme significado político”, por ir contra o olhar que, segundo ele, se direciona ao passado dos movimentos refratários ao livre intercâmbio de mercadorias e à circulação das pessoas de um país a outro.

Mais uma vez, Nunes disse estar otimista em relação a um acordo político entre os blocos sul-americano e europeu ainda neste ano. O ministro frisou que não tem dúvida que a União Europeia aposta na sua sobrevivência, indo na contracorrente de propostas políticas que, para ele, estão sendo “felizmente” derrotadas.

Por outro lado, o tucano destacou a maior convergência entre os sócios fundadores do Mercosul no fortalecimento do bloco como zona de livre comercio e de respeito à democracia. Essas são, conforme o ministro, duas “dimensões indissociáveis”, razão pela qual Venezuela foi suspensa do Mercosul. Nesse ponto, ele destacou que 20 das 80 barreiras sanitárias ou fitossanitárias identificadas nas relações comerciais entre Brasil e Argentina já foram removidas.

O tucano, ponderou que será preciso esperar o segundo turno da eleição na França, no domingo, 7, e as eleições legislativas na Alemanha, que acontecem em setembro, para discutir a abertura do mercado europeu aos produtos agrícolas sul-americanos, um tema “delicado” dessas negociações.

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Contudo, Nunes defendeu que, uma vez concluída a negociação, não haja retrocessos. “Temos que afastar a ideia de que protecionismo bom é o que defende meu mercado”, disse.

Mais tarde, em entrevista a jornalistas, o ministro evitou comentar qual seria o futuro do acordo no caso de vitória da nacionalista Marine Le Pen nas eleições francesas. “Acho que depende de como ela vai se colocar em relação à União Europeia. Ela já disse que vai sair da zona euro, depois disse que não é bem assim. Vamos aguardar a eleição na França. Não quero falar sobre eleição na França neste momento”.


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