‘Aloprou’: relembre 10 frases polêmicas de Bolsonaro durante a pandemia

Colecionador de falas polêmicas ao longo da pandemia da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na segunda-feira (12) que “aloprou” e “perdeu a linha” quando disse que não era “coveiro” ao ser questionado sobre o número de brasileiros mortos pela doença.

“Eu sou o chefe da nação, sei disso. Lamento o que eu falei, não falaria de novo. Você pode ver que de um ano para cá meu comportamento mudou. Minha cadeira é um aprendizado”, disse em entrevista ao pool dos podcasts Dunamis, Hub, Felipe Vilela, Positivamente, Luma Elpidio e Luciano Subirá.

A fala sobre não ser coveiro foi dada durante uma entrevista coletiva na portaria do Palácio da Alvorada, no dia 20 de abril de 2020, ainda no início da pandemia. Na época, o país registrava oficialmente 2.575 mortes por Covid-19.

A ISTOÉ separou outros nove momentos em que o presidente minimizou as mortes causadas pela doença, indicou tratamentos não eficazes e criticou as vacinas e o isolamento social:

‘E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?’

No final de abril de 2020, Bolsonaro disse que lamentava, mas não tinha o que fazer em relação ao recorde de mortes registradas no dia 28 daquele mês.

“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, disse Bolsonaro, em referência ao próprio sobrenome.

Na ocasião, o país já registrava 5.017 mortes e havia ultrapassado o número da China, que até então tinha registrado 4.643 mortes pela Covid-19.

‘Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína’

Em maio de 2020, Bolsonaro comentou durante uma entrevista para o jornalista Magno Martins sobre um novo protocolo que ampliaria as diretrizes de utilização da cloroquina, inclusive na fase inicial de contágio do novo coronavírus.

“Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína”, repetiu várias vezes ao fazer piada com o assunto. Na época, o País havia batido um novo recorde em números de mortes e já somava quase 18 mil vítimas fatais.

Na mesma entrevista, o presidente chegou a comentar que o medicamento poderia se mostrar ineficaz no futuro para o tratamento da covid-19,  mas que preferia arriscar até que houvesse resultados conclusivos. No entanto, após diversos estudos comprovarem a ineficácia do medicamento contra a doença, Bolsonaro continuou a indicá-lo.

 ‘É o destino de todo mundo’

Enquanto o País se aproximava da marca de 30 mil óbitos por Covid-19, em junho de 2020, o presidente disse que a morte é o “destino de todo mundo”.

“A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”, afirmou Bolsonaro após uma apoiadora pedir uma mensagem dele para as vítimas e as famílias de luto pela Covid-19.

‘País de maricas’

Em novembro de 2020, quando o país já somava 162,6 mil mortes por Covid, Bolsonaro se queixou dos governadores e prefeitos que analisavam voltar a tomar medidas restritivas para tentar conter a segunda onda da doença no país.

“Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas”, disse em cerimônia no Palácio do Planalto.

“Aqui começam a amedrontar povo brasileiro com segunda onda. Tem que enfrentar, é a vida”, afirmou o presidente. “Temos que enfrentar, (ter) peito aberto, lutar”, acrescentou Bolsonaro.

‘Se você virar um jacaré, é problema seu’

No final de 2020, Bolsonaro questionou os possíveis efeitos colaterais das vacinas contra o coronavírus. Tomando como exemplo a da Pfizer/BioNtec, ele afirmou que não havia garantia de que o imunizante não transformaria quem a tomasse em “um jacaré”.

“Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”, disse Bolsonaro, que questionou em várias ocasiões as vacinas e a gravidade da pandemia que em dezembro daquele ano já registrava quase 185 mil mortos no Brasil.

‘Chega de frescura e mimimi’

Em março de 2021, quando o país registrava os piores números da pandemia até então, Bolsonaro afirmou que era preciso “enfrentar o problema de peito aberto” e parar de “frescura”. Na época, o país já registrava mais de 261 mil mortes pela doença.

Contrário a medidas de fechamento, Bolsonaro usou o exemplo do “homem do campo”, que continuou a produzir durante a pandemia.

“Vocês (produtores rurais) não ficaram em casa, não se acovardaram, nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas”, disse o presidente da República, em evento de inauguração de trecho da ferrovia Norte-Sul, em São Simão (GO).

 ‘Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa’

Em maio de 2021, o presidente chamou de “idiotas” os brasileiros que ficam em casa, seguindo recomendações de autoridades sanitárias para evitar a disseminação do coronavírus. “Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa”, disse ele em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Na época, a vacinação já havia começado, mas nem 20 % da população estava imunizada. Enquanto o número de mortes pela doença já ultrapassava 434 mil.

‘Covid apenas encurtou a vida delas’

Durante uma entrevista a ativistas de extrema-direita alemães em setembro de 2021, Bolsonaro comentou que  a maior parte dos óbitos aconteceu em pessoas com comorbidades.

“Muitas tinham alguma comorbidade, então a Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas”, afirmou, negando dados que mostravam o número cada vez maior de pessoas sem qualquer doença preexistente que morreram de Covid-19.

Na mesma entrevista, Bolsonaro alegou que os números de mortes pela doença no país foram inflacionados e acusou hospitais de colocarem as pessoas na UTI por que ganhariam mais dinheiro.

 ‘É um número insignificante’

No começo deste ano, o presidente afirmou que a Covid-19 matou “um número insignificante” de crianças.

“Algumas morreram? Sim, morreram, lamento profundamente, mas é um número insignificante, tem que levar em conta se elas tinham comorbidade também”, declarou Bolsonaro, ao se manifestar contra  a aprovação da Anvisa para a vacinação infantil.