Coluna: Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.

Alô, ministros do STF: artigo 196 da Constituição na fuça de Jair Bolsonaro

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IMPROVISO Os filhos gravam Jair Bolsonaro anunciar que o Exército fabricará a cloroquina, sem efeito comprovado Foto: Divulgação

Não restam mais dúvidas: infelizmente, Europa e Estados Unidos enfrentam uma robusta e constante elevação no número de novos casos de Covid-19. Alguns chamam de segunda onda. Particularmente, não enxergo assim.

Em nenhum desses países (Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Itália e EUA), o vírus foi controlado a ponto de se determinar o fim da pandemia. A onda é a mesma, portanto. Apenas ganhou força e alcance, graças à maneira com que as populações dessas nações curtiram o verão.

Está absolutamente claro que o mundo não se livrará desse maldito novo coronavírus tão cedo. Pior. Se as vacinas que estão em fase final de testes encontrarem por aí obscurantistas, negacionistas, ideólogos boçais, xenófobos e nacionalistas, como o lunático que ocupa a Presidência da República no Brasil, antes de mais dois ou três anos, e milhões de mortos, os seres humanos não reconhecerão os dias normais de outrora. A cura só virá através ou da imunização ou do contágio em massa. O resto é fantasia.

Pouco importa de onde venha ou quem produza a bendita vacina. Se China, Inglaterra, Rússia ou Marte, desde que aprovada e certificada pela Anvisa, é imperativo que o Brasil faça o possível e impossível para imunizar – ainda que temporariamente – o maior número de cidadãos que puder.

Há, inclusive, necessidade de metodologia logística para tanto: distribuir de tal forma a vacina, que com número menor de doses seja possível interromper a circulação do vírus pelo País. Há modelos matemáticos para tal tarefa.

Para que tenhamos tudo isso o quanto antes, precisamos urgentemente de ação política e jurídica. Se deixarmos nas mãos do vendedor de cloroquina a emas do Alvorada, sabemos que teremos vacina apenas quando um ministro da Saúde for efetivado e durar mais que dois meses no cargo. Ou seja, nunca!

Jair Bolsonaro é de tal sorte, intelectual e moralmente, miserável, que se depender dele e dos aloprados que lhe cercam passaremos dos 10 milhões de contaminados e 500 mil mortos fácil, fácil.

Alô, João Doria. Alô, congressistas com mais de dois neurônios na cachola. Alô, partidos políticos: corram, já, ao Supremo! Não deixem para depois. Garantam que o governo federal cumpra suas obrigações constitucionais. Quem produz o dinheiro que Brasília gasta são os 26 estados da federação. São os mais de 5 mil municípios que vivem os brasileiros.

Não será Bolsonaro, os filhos ou seus fanáticos seguidores que definirão quem irá viver ou morrer. O Brasil não pertence a Brasília. Muito menos ao parceiro do Queiroz e sua milícia digital.