Uma “ingenuamente grosseira” expressão popular, em alusão a quem sofre de hemorroidas, diz: “Quem tem aquele lugar, em que o presidente mandou jornalistas enfiarem latas de leite condensado, tem medo”. Não há mesa em que apaixonados por pimenta não escutem a tal gracinha ao pingarem algumas gotas da “da brava” sobre um prato de feijoada quentinha.

Daniel Silveira (PSL-RJ), deputado federal e bolsonarista raíz, do tipo que faz arminha com as mãos, que quebra placa com nome de opositor político assassinado, que ameaça, xinga e até parte para o braço com quem não se ajoelha diante do mito, foi preso, em flagrante, na noite desta terça-feira 16, após fazer apologia ao AI-5 e à violência física contra ministros do STF.

Em que pese algumas dúvidas acerca da constitucionalidade da prisão, o fato é que, até o momento, Jair Bolsonaro, sempre tão açodado e inflamado nas redes sociais, não deu um pio. Fico aqui me perguntando o motivo: será que alguma forma de juízo ou mesmo espírito democrático se apossou daquele corpo autocrata que não te pertence? Ou ainda:

Será que até o devoto da cloroquina achou que seu parça exagerou? Será que o amigão de miliciano, agora que se converteu às vacinas, também irá se converter aos bons modos? Ou será apenas que o pai do senador das rachadinhas conhece bem – e concorda – com o ditado popular lá de cima, porém assim adaptado: “quem tem Queiroz tem medo”?

O Supremo, por unanimidade, confirmou a legalidade da prisão do energúmeno. Tic-tac, Jair. Seus devotos estão aguardando o já tradicional “acabou, porra”. Quem sabe não é a hora do bananinha mandar o cabo e o soldado, montados num Jeep, para a porta da Suprema Corte? Bora lá, mito! Ou a valentia terminou quando o bafo da lei soprou forte no cangote?

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