Os benefícios do canabidiol (CBD) para a saúde vêm ganhando espaço na medicina ocidental nos últimos anos. Celebridades como Kim Kardashian e Jennifer Aniston já declararam usufruir da substância, e aos poucos o preconceito tem sido substituído por conhecimento.

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Apesar de o CBD ser frequentemente lembrado como um tratamento para ansiedade, dores crônicas, insônia e depressão, muitos já estão em busca de mais benefícios. “Estamos começando a vê-lo ser usado cada vez mais na área da saúde. Está crescendo o tempo todo”, revela Dani Gordon, médica e autora do livro “The CBD Bible”.

Em países do exterior, é utilizado nos mais diversos produtos, inclusive em absorventes internos. Isso porque existem evidências crescentes de que a substância pode ajudar a aliviar os sintomas de problemas como cólicas menstruais, endometriose e menopausa. E ao contrário do que muitos pensam, o CBD não é um entorpecente. Então, como exatamente a substância pode ajudar em seu bem-estar físico e mental? Entenda com informações da “Woman & Home”.

O que é o CBD e como ele funciona

O canabidiol é um derivado da planta cannabis sativa, e é usado para fins medicinais desde aproximadamente 750 a.C., e diferentemente do tetrahidrocanabinol (THC), ele não traz torpor e não altera os sentidos. No Brasil, produtos com CBD são legalizados, mas não são produzidos localmente. 

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Produtos com a substância podem ser utilizados como um suplemento para a saúde. “Ele atua no sistema endocanabinoide”, explica Dmitry Loktionov, ginecologista. “Os endocanabinoides são químicos produzidos pelo corpo que, junto aos canabinoides do CBD, ativam receptores do corpo ligados a processos fisiológicos como prazer, dor, sono, apetite, humor, memória, fertilidade e gravidez”. O médico explica que os óleos são a forma mais comum de se encontrar a substância, mas existem outros produtos, como balas, extratos, cosméticos e lubrificantes que também possuem CBD.

Benefícios do CBD

É importante ressaltar que as pesquisas científicas sobre a substância ainda são recentes e estão se desenvolvendo. “Embora ele esteja sendo saudado como o ‘novo milagre da cura’, as pesquisas ainda não estão claras sobre seus benefícios”, declara a especialista em menopausa e hormônios Claire Snowdon-Darling. Mas isso não significa que os benefícios sejam inexistentes. A seguir, confira cinco áreas que podem se beneficiar do uso de CBD.

Ciclo menstrual e endometriose

Estudos indicam que a substância pode aliviar a dor pélvica, consequentemente amenizando cólicas e dores provenientes da endometriose. “O CBD tem propriedades específicas que podem ajudar a regular a inflamação [no tecido uterino] e a aliviar a dor”, declara Mark Ware, diretor médico da empresa de cannabis Canopy Growth. 

Para garantir a eficácia contra as dores pélvicas, a osteopata Kemmy Gichaba sugere começar a ingerir óleo de CBD uma semana antes da menstruação. “No dia em que começar, misture algumas gotas em uma colher de chá de óleo de coco ou manteiga de karité e comece a massagear o abdômen em movimentos circulares, criando um formato de ‘V’ invertido”. 

Um estudo realizado com mulheres australianas, publicado pela PubMed, ainda percebeu que aquelas que sofriam de endometriose e faziam o uso de cannabis relataram “maior eficácia autoavaliada” no controle de sintomas da condição. Outra pesquisa, da plataforma científica eLife, sugeriu que além de regular os sintomas, a substância também pareceu limitar o surgimento de cistos endometriais.

Pré-menopausa e menopausa

O CBD vem ganhando espaço na discussão de tratamentos dos sintomas de pré-menopausa e menopausa, como ondas de calor, insônia e ansiedade. Dani Gordon explica: “Costumo combinar canabinoides com terapia de reposição hormonal idêntica ao corpo. Quando alguém não pode fazê-la, o CBD e a cannabis medicinal podem ser ótimos substitutos, melhorando drasticamente a qualidade de vida”. 

A distinção entre o CBD e a cannabis medicinal é importante, porque alguns especialistas acreditam que ainda não há evidências para apoiar que o primeiro pode, por si só, ajudar os sintomas da menopausa em pleno desenvolvimento. “Supositórios ou lubrificantes de CBD podem ajudar com sintomas como secura vaginal, mas é improvável que ajude com ondas de calor”, afirma Ayanthi Gunasekera, especialista em ginecologia. 

Ansiedade e depressão

A saúde mental é a área em que os tratamentos com CBD se destacam. “Trata-se de uma substância química muito semelhante à serotonina, o que significa que, quando o CBD ultrapassa a ‘barreira hematoencefálica’, passando do sistema sanguíneo para o cérebro, ele cria o mesmo efeito”, explica Dmitry. “Isso significa que, quando o corpo está submetido a situações estressantes, ingerir CBD pode ‘enganar’ o cérebro, fazendo-o pensar que há mais serotonina, consequentemente relaxando o corpo”. 

Em um estudo do periódico médico “The Permanente Journal”, 79,2% dos participantes relataram diminuição em seus sintomas de ansiedade enquanto ingeriam CBD. “Ele reduz a ansiedade a curto prazo ou ‘aguda’”, observa Dmitry.

No entanto, a substância não deve ser tratada como uma solução milagrosa. “Ainda precisamos de mais pesquisas sobre doses ideais, estratégia de dosagem e se deve ser usado para tratar o estresse agudo ou crônico, antes que possa ser aprovado como um tratamento oficial para a ansiedade”, explica o médico.

Sono e sexo

A longo prazo, a falta de sono de qualidade pode levar a sérios problemas de saúde, como obesidade, ansiedade, depressão, diabetes e doenças cardiovasculares. Porém, há evidências de que os efeitos relaxantes do CBD podem auxiliar no sono. Outro estudo do “The Permanente Journal” relatou que 66,7% dos participantes relataram dormir melhor após 30 dias usando a substância. 


Segundo Kemmy Gichaba, o melhor produto para utilizar, neste caso, também é o óleo de CBD, pois ele é absorvido rapidamente e promove um efeito calmante, mas sem torpor. “Pingue as gotas embaixo da língua e mantenha-as por 30 segundos a 1 minuto antes de engolir”, recomenda a osteopata.

A substância também pode ser útil para tratar sintomas de ansiedade sexual. “O sistema reprodutor feminino tem um receptor canabinóide chamado TRPA1, encontrado no clitóris”, explica Dmitry. “Quando ativado, esse receptor causa um aumento no óxido nítrico, que por sua vez causa um aumento no fluxo sanguíneo e aumenta a sensibilidade”. 

Dores crônicas

O CBD pode ajudar pessoas com dores crônicas como artrite reumatoide — uma condição dolorosa que afeta majoritariamente mulheres. “O CBD tem um efeito direto no sistema endocanabinóide no cérebro, o que aumenta os efeitos de outros químicos — como a serotonina e a anandamida — para reduzir a percepção da dor”, explica Kemmy.

Como determinar o produto e a dosagem correta

Se você deseja experimentar os derivados de CBD, saiba que alguns produtos são mais eficazes do que outros. “Utilizar óleo de CBD diretamente sob a língua significa que ele será absorvido diretamente na corrente sanguínea”, diz Laura Walton, que sofre de endometriose e é co-fundadora da marca de CBD MOI + ME. “As cápsulas e gomas são absorvidas pelo estômago, enquanto os cremes e loções tópicos são absorvidos pela pele diretamente onde foram aplicados”. Portanto, avalie o que funciona melhor para você.

Kemmy ainda explica como funcionam as doses: “Ao começar com o CBD, encontrar a quantidade ideal requer algumas experiências. A dose típica é entre 25 a 70mg por dia, mas não existe uma dosagem padrão, ela será baseada em fatores como peso, metabolismo e o tipo de produto usado”. 

Assim como qualquer medicamento, o uso de CBD acarreta alguns riscos, além da possibilidade de interagir negativamente com outros medicamentos. Por isso, o tratamento deve ser iniciado apenas sob supervisão médica.


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