Eram 19h08 quando Ricardo Nunes (MDB) subiu ao palco para seu primeiro pronunciamento como prefeito reeleito de São Paulo (SP). Milhares pessoas o esperavam no Clube Banespa, na Zona Sul de São Paulo.
+Nunes é terceiro vice que herda prefeitura a se reeleger em São Paulo
Cumprimentou todos os aliados e fez questão de não esconder a emoção de vencer Guilherme Boulos (PSOL) em um domingo, 27, chuvoso e frio na capital paulista. Sinal de alívio em meio à campanha mais acirrada e violenta da história da cidade.
Enquanto seus apoiadores aguardavam em um enorme salão, com vista para um telão para acompanhar a apuração, Nunes ficou a maior parte da votação em sua casa, em Interlagos, ao lado da esposa, filhos e outros familiares.
Demais aliados, como vereadores e secretários acompanharam em uma sala no andar de cima. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e outras autoridades foram chegando aos poucos, perto do fim da apuração.
No andar de baixo, a tranquilidade imperava entre a equipe de Nunes. A todo momento, o locutor animava a militância com o número de votos.
Assessores e principais aliados se concentraram à frente do palco. A tensão dos últimos dias pareceu desaparecer. Alguns já até comemoravam a vitória antes mesmo do resultado final, cantando e dançando os jingles da campanha.
Com a camisa suada e comemorando com ênfase, Nunes deu seu primeiro discurso como prefeito reeleito. Creditou a vitória a Tarcísio, evitou agradecer o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e alfinetou Boulos.
Para Nunes, Tarcísio é “o líder maior” e o futuro da política.
“Queria deixar agradecimento especial ao líder maior, sem o qual não teríamos ter tido essa vitória, govenador Tarcísio de Freitas”, afirmou
Ricardo Nunes foi vereador por dois mandatos, nos quais se destacou pela presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos bancos e emplacou a vice-prefeitura na chapa de Covas após uma articulação de João Doria, então governador de São Paulo. Assumiu a prefeitura oficialmente em 16 de maio de 2021, após a morte de Bruno Covas, vítima de câncer.
Para conseguir emplacar o segundo mandato, precisou colocar a cara para fora do ninho e superar um detalhe importante que acabou preocupando no início da campanha: o desconhecimento. Deixou toda a sua articulação a cargo de Tarcísio, que conseguiu uma grande gama de partidos, além do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo que tenha o deixado de “banho-maria” para evitar a rejeição.
No primeiro turno, Ricardo Nunes preferiu focar nas ações feitas pela Prefeitura durante sua gestão para conseguir aumentar o conhecimento do eleitorado sobre o governo. Dividindo votos com Pablo Marçal (PRTB), Nunes precisou apelar para a rejeição e divulgou gravações que o associavam ao crime organizado. O que parecia furada, funcionou e acabou colocando o prefeito em evidência logo na rodada inicial.
Mesmo conseguindo melhorar sua posição, Nunes precisou superar os ataques de adversários e o passado que ronda sua história. Além de um boletim de ocorrência registrado pela esposa, Regina Nunes, o prefeito aguentou denúncias de participação na Máfia das Creches, acusações de irregularidades em obras e conivência com a suposta entrada do Primeiro Comando da Capital (PCC) na gestão de empresas de ônibus na capital, o que foi a aposta dos adversários para aumentar a reprovação do emedebista.
Até um apagão logo no começo do segundo turno Nunes precisou apartar para conseguir manter a liderança nas pesquisas. Minimizou o atraso em podas de árvores, responsabilidade da Prefeitura, e culpou o governo federal, que apoiava Boulos, pela crise energética, colaborando para o pouco impacto em sua candidatura.
Precisando atrair votos dos bolsonaristas na segunda etapa eleitoral, Nunes apostou em pautas ideológicas e acenos aos evangélicos indo à cultos quase todos os dias. O prefeito também atacou Boulos, tentando associar o adversário a uma imagem de extremismo. A tática funcionou, aumentando a rejeição ao candidato do PSOL.
Ricardo Luís Reis Nunes terá mais quatro anos à frente da maior cidade da América Latina. Mais visado, deve ser alvo de uma fiscalização mais rigorosa do que os quatro anos anteriores.
Precisará tirar do papel promessas suas e de Bruno Covas, de quem foi vice. O foco maior será na segurança pública, o calcanhar de aquiles de Nunes.
A ver o que acontece.