SÃO PAULO, 16 ABR (ANSA) – Em meio a uma das fases mais delicadas de sua história, a Alitalia, maior companhia aérea da Itália, completa 70 anos de operação no Brasil com “metas ambiciosas” para o país. Em entrevista à ANSA, o diretor comercial da Alitalia no Brasil, Carlos Antunes, falou sobre as expectativas do grupo italiano para 2018 no maior mercado da América Latina. “Vamos crescer mais de 40% em oferta de assentos”, declarou. A empresa está sob administração extraordinária do governo da Itália e foi colocada à venda, mas, segundo Antunes, isso não atrapalha a operação brasileira. “O que podemos dizer é que a companhia aérea é, com certeza, muito mais atraente do que há alguns meses”, afirmou. Confira a entrevista abaixo: ANSA: Que palavras o senhor usaria para definir os 70 anos da Alitalia no Brasil? Carlos Antunes: Acho que “surpreendente”, especialmente no momento atual do Brasil, com investimento significativo nas rotas no país. A gente passou de 10 para 18 voos por semana em menos de 12 meses. Continuamos investindo, recolocamos o voo diário no Rio de Janeiro, já que, durante alguns meses no ano passado, tivemos a operação no Rio de Janeiro três vezes por semana. Em São Paulo, são 11 voos por semana. Voltando ao Rio, vamos mudar a aeronave para uma com maior capacidade: 44 lugares a mais por voo no Rio já a partir do mês de abril.   

ANSA: Em sua opinião, o que a Alitalia fez de melhor nesses 70 anos no Brasil? Antunes: A Alitalia começou no Brasil em março de 1948 e nunca deixou de operar no Brasil. Empresas aéreas operam de acordo com as condições econômicas e, eventualmente, até cessam quando o cenário não é vantajoso e depois recomeçam quando as condições melhoram. A Alitalia nunca interrompeu seus voos para o Brasil.   

São 70 anos de operação ininterrupta. A gente pode dizer que a Alitalia tem uma contribuição enorme para a italianidade que faz parte do tecido social brasileiro. Aqui em São Paulo, a gente caminha na rua e escuta a língua portuguesa, mas um português com sotaque e palavras mais italianas, e a Alitalia sempre foi as asas da Itália. Somos “embaixadores” da Itália, temos muito orgulho de apresentar a marca italiana a bordo de nossas aeronaves e esperamos receber os passageiros de todo o Brasil e fazê-los sentir-se na Itália assim que embarcarem em nossos aviões.   

ANSA: O senhor acredita que, apesar de não ser mais uma companhia de bandeira, a Alitalia continue passando essa imagem de representante da Itália no Brasil? Antunes: Sem dúvida. Eu acredito firmemente nisso. A Alitalia não é estatal, mas é a maior companhia aérea italiana e continua sendo considerada a companhia aérea de bandeira, já que leva a Itália no nome. É uma companhia com 123 aeronaves, que opera em 94 destinos, dos quais 26 na Itália e 68 no resto do mundo. Tem uma participação muito significativa no PIB da Itália.   

ANSA: Existe algo que a empresa faria de forma diferente nesses 70 anos no mercado brasileiro? Antunes: Eu talvez não seja a pessoa mais adequada para responder isso. Sou responsável pela Alitalia no Brasil há cerca de um ano, mas a gente sabe que a Alitalia, ao longo de sua história, teve momentos turbulentos. A companhia entrou em administração extraordinária. Neste momento, no Brasil, estamos todos concentrados em reerguer a companhia, torná-la cada vez mais uma companhia para o viajante brasileiro, viajante que tem raízes italianas, e todos os outros que querem visitar a Itália.   

A Itália, em 2017, foi um dos principais destinos europeus dos brasileiros. E nós, como a companhia aérea que mais voa para a Itália e que tem o país no nome, queremos desempenhar o papel de companhia aérea preferida.   

ANSA: Quais as metas da Alitalia para o mercado brasileiro em 2018? Antunes: As metas são bastante ambiciosas. Vamos crescer mais de 40% em oferta de assentos. E estamos assistindo à combinação de um mercado que continua com uma demanda acelerada por transporte aéreo, com tarifas regressando para os preços que eram normais três ou quatro anos atrás, quando a economia brasileira ainda não tinha atingido os mínimos registrados em 2015 e 2016. A gente quer continuar crescendo em número de voos. Estamos sempre olhando oportunidades no Brasil. Além de consolidarmos os voos diários do Rio e de aumentarmos a aeronave, em São Paulo temos 11 voos por semana, um diário e depois quatro dias por semana com um segundo serviço, e a gente gostaria de chegar a dois voos por dia. Hoje o Brasil tem um papel muito importante na Alitalia como um todo. No ano passado, representamos o terceiro mercado mais importante da companhia em todo o mundo.   

ANSA: A Alitalia pretende abrir novas rotas no Brasil? Antunes: Estamos sempre olhando oportunidades, especialmente em um mercado com bom desempenho como o Brasil, isso é o que eu posso adiantar. (Continua)