28/05/2018 - 7:30
Ele foi um dos destaques da última conquista da seleção em Copas do Mundo, em 2002, e até hoje é lembrado e reverenciado pelos brasileiros. O ex-goleiro Marcos, ou São Marcos, como os palmeirenses o chamam, está confiante para o Mundial na Rússia e nas escolhas de Tite. Em entrevista ao Estado, ele falou sobre o que espera da competição, disse que Alisson é o melhor goleiro do Brasil e revelou que não se achava o melhor da posição em 2002.
Hoje, 10 anos após o penta e a despedida dos gramados, Marcos ganha a vida com sua imagem. Ele vai estrelar um documentário que começa a ser transmitido nesta segunda-feira sobre a história do futebol no canal History. “Não sou lá essas coisas como apresentador, mas ficou um projeto legal”, garantiu.
Qual a expectativa para a Copa?
Estou confiante como sempre. O Brasil aparece frequentemente como um dos favoritos para a Copa, mas acho engraçado que sempre rola umas teorias da conspiração. Falam que o Brasil perde quando chega com muito favoritismo e que o ideal é chegar com desconfiança, essas coisas. O time está bem servido, com todo mundo passando por um momento bom. É uma equipe bem amadurecida, até pelo que aconteceu na última Copa (derrota por 7 a 1 para a Alemanha).
O que você pensa sobre os goleiros Alisson, Ederson e Cássio?
Sempre tem alguém na convocação que a torcida quer ver lá. Isso é normal, ainda mais pelo fato de termos bons goleiros no Brasil. Marcelo Grohe, Vanderlei, Fábio, Victor… acredito que a convocação foi boa e que o Alisson esteja vivendo um momento muito bom na Roma. O Ederson também. Já o Cássio ganhou vários títulos no Corinthians e tem a confiança do treinador.
Sem ficar em cima do muro. Estes seriam seus três goleiros?
Acredito que sim. São os goleiros que estão vivendo um momento muito bom e o Alison é o melhor goleiro e merece ser o titular mesmo. Copa do Mundo é um campeonato muito curto, de sete jogos, e é difícil o goleiro reserva jogar. O Alison já está acostumado em atuar na seleção e isso conta bastante.
O gol é uma das posições mais questionadas no País. Você acredita que o Alisson se sente preparado para suportar a pressão?
Difícil falar e no calor da emoção, você se sente preparado para qualquer coisa. Acho que o Alisson está confiante por já ser o titular algum tempo, mas ele sabe que tem dois excelentes goleiros na cola dele e que não pode bobear.
Em 2002, você estava melhor preparado em relação ao Dida e ao Rogério Ceni?
Para falar a verdade, eu achava que os dois estavam melhores que eu quando chegamos na Copa. Na hora, fiquei quietinho, né? Não sou bobo e hoje eu posso falar. Eu pensava que o Rogério vivia um momento muito bom no São Paulo, o Dida também voando e eu estava sendo bastante questionado. Mais ou menos como acontece com o Cássio, que também muita gente diz que deveria ter ido outro. O importante é que eu tive a felicidade de jogar e ganhamos. Sempre o que está fora é melhor quando se perde. Como ganhamos, isso ficou no passado.
Se a CBF te chamar para conversar com os jogadores, você está disponível?
Eu? Só se for para ir contar piada. No passado, era legal os ex-jogadores passarem experiência para quem estava na seleção, só que hoje em dia isso não tem muito sentido. Os caras que estão na seleção tem uma história de vida muito grande. Por exemplo, o que eu posso falar para o Marcelo? O cara ganha tudo todo o ano e joga no Real Madrid. O time do Tite é bem rodado e eu teria pouco para acrescentar nesse elenco. E tem outra coisa. Eu joguei só no Brasil e minha experiência é limitada. Bom, se o Tite quiser me chamar, eu vou lá bater um papo.
Você estava machucado, mas chegou a trabalhar com o Tite no Palmeiras, em 2006, e conhece muita gente que trabalhou com ele. O Tite é realmente um técnico diferenciado?
Infelizmente não consegui ser comandado por ele, por causa de uma lesão. O que eu mais gostei dele foi o lado humano. O Tite é um cara fantástico. Embora eu não estivesse jogando, ele sempre conversava comigo e me convidava para irmos na missa do Padre Marcelo Rossi. Gostei bastante de conviver com ele e os jogadores o adoram, por essa questão humana.
E taticamente?
Bom também e inteligente. Mas a gente tem que falar a verdade, né?. Um treinador de futebol muito se faz pelo elenco que tem na mão. Ele pode ser bom o quanto for, se o time não tiver qualidade, ele não ganha nada. O Tite chegou em um momento bom para a Copa, tem feito um trabalho duro e acredito que ele terá vida longa na seleção.
Melhor chegar na Copa com o povo apoiando, como a seleção atual, ou desacreditado, como vocês em 2002?
Lembra que eu falei de lenda urbana na Copa? Essa é uma. O Brasil sempre vai chegar como favorito e com muita gente questionando mesmo, só porque o torcedor brasileiro é chato e gosta de ficar “cornentando” mesmo. Quem fala que o Brasil vai cair na primeira fase não acredita nisso, assim como não acredita quem fala que vai ganhar com facilidade. Eu estive lá e sei que Copa é algo diferente. Quando o negócio começa, todo mundo joga junto com você e fica feliz se a seleção for campeã. Nos jogadores, dá aquele medo inicial e depois vai relaxando durante a competição. E não tem jeito, existem vários países tradicionais, mas o Brasil é o Brasil. O mundo todo olha para gente.