27/04/2021 - 9:08
Mariana Nakajuni, da Agência Einstein
Um estudo da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA) constatou que os hábitos alimentares noturnos podem impactar o desempenho no trabalho no dia seguinte. De acordo com os pesquisadores, a má alimentação pode gerar tanto problemas físicos quanto psicológicos pela manhã, afetando o comportamento do indivíduo ao longo de seu expediente.
Publicado no periódico Journal of Applied Psychology, a pesquisa contou com 97 participantes, que tinham emprego em tempo integral nos Estados Unidos. Ao longo de duas semanas de trabalho, eles tiveram que responder a três questionários diariamente. No início do dia, relatavam como estava o seu bem-estar físico e emocional; ao final do expediente, respondiam perguntas sobre as atividades realizadas no trabalho. Por fim, antes de dormir, as pessoas descreviam seu consumo de comidas e bebidas durante a noite.
Os cientistas descobriram que a alimentação pouco saudável estava associada a comportamentos que afetavam o desempenho do participante no trabalho. Um deles é a menor disposição para auxiliar os colegas a realizar tarefas, mesmo que não seja de sua responsabilidade. Outra conduta observada foi a de evitar abordar questões relacionadas ao trabalho, ainda que o indivíduo estivesse trabalhando.
Isso ocorre porque os participantes que informavam a má alimentação eram mais propensos a se queixar de problemas como dores de cabeça, dores no estômago e diarreia. Além disso, relatavam tensões emocionais que envolviam o sentimento de culpa e vergonha por conta de seus hábitos alimentares.
“Pela primeira vez, mostramos que a alimentação saudável possui efeito imediato sobre nosso comportamento e desempenho no ambiente de trabalho”, afirma Seonghee “Sophia” Cho, uma das autoras do estudo. “É relativamente bem estabelecido que outras atitudes relacionadas à saúde, como sono e exercício físico, afetam nosso trabalho. Mas ninguém havia olhado para os efeitos a curto prazo da má alimentação”.
Para os pesquisadores, a alimentação pouco saudável se configurava quando o participante sentia que havia comido uma grande quantidade de alimentos de alto teor calórico; exagerado na ingestão de comidas e bebidas; ou quando faziam lanches durante a madrugada.
Por outro lado, o estudo descobriu que os efeitos da má alimentação se manifestam, principalmente, em pessoas com menor estabilidade emocional. Os indivíduos que lidavam melhor com o estresse e apresentavam menor variação de humor tinham menor probabilidade de desenvolver problemas físicos e emocionais por conta da alimentação pouco saudável e, ainda que desenvolvessem, a execução de suas atividades no trabalho não era prejudicada.
Para Cho, as descobertas podem ajudar empresas a promover uma alimentação mais saudável e prestar mais atenção nas necessidades e preferências alimentares de seus funcionários, oferecendo soluções como opções de refeição no próprio local de trabalho. “Isso pode afetar tanto a saúde corporal quanto mental dos colaboradores e, por consequência, sua performance”, diz a pesquisadora.
Devido ao tamanho da amostra, mais estudos nesta área do conhecimento devem complementar estes achados. Em pesquisas futuras, os cientistas pretendem analisar o impacto da alimentação em outros momentos do dia, além do papel de substâncias específicas, como o açúcar e a cafeína. Outra possível investigação é avaliar se existem benefícios na alimentação pouco saudável, como situações em que as pessoas ingerem as chamadas “comidas afetivas” para lidar com o estresse.
(Fonte: Agência Einstein)
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