A Aliança Nacional LGBTI+ vem sofrendo sucessivos ataques de ódio de um grupo neonazista ainda não identificado. O primeiro aconteceu sexta-feira 15, logo depois da abertura do seminário “Diálogos para enfrentar as desinformações, notícias falsas e discurso de ódio nas eleições municipais de 2020”. O evento virtual foi invadido por hackers que publicaram imagens da suástica, de vídeos em que a bandeira LGBTI+ é queimada, imagens de sexo oral e uma mensagem de Adolf Hitler: “É necessário que eu deva morrer pelo meu povo, mas meu espírito se levantará da sepultura e o mundo saberá que eu estava certo”. No segundo, quinta-feira 22, quatro grupos de discussão da Aliança LGBTI+ no WhatsApp foram invadidos com postagens que incluíam a suástica e a frase “Christ the universal nazist”. No mesmo horário, o presidente da entidade Toni Reis recebeu 97 mensagens com saudações nazistas. Também foi registrada uma ocorrência falsa na Central Nacional de Denúncias LGBTI+, cujo email informado foi adolf@hitler.com.

CRIME Quatro grupos de discussão da Aliança LGBTI+ foram invadidos por neonazistas: suásticas e discurso de ódio (Crédito:Reprodução)

A Aliança LGBTI+ levou o caso à Polícia Federal, comunicou o Ministério Público Federal Eleitoral e registrou ocorrência na Delegacia de Crimes da Internet da Polícia Civil de quatro estados, inclusive o Paraná, onde fica sua sede. “O ataque que sofremos é uma grave violação da agenda democrática no Brasil”, diz Reis. O presidente da Aliança é o alvo preferencial dos neonazistas. Na madrugada de domingo 18, ele foi surpreendido por três tentativas seguidas de entrega de comida pelo iFood na sua residência sem que tivesse feito qualquer pedido. A gerente do restaurante que enviou a comida disse que os pedidos estavam sendo feitos pela internet e que o último deles veio com uma instrução: “Estou sendo ameaçado de morte, para eu ter certeza que é o entregador, bata na porta 3 vezes”. Diante da situação foi formalizado um pedido para sua proteção junto ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

“A polícia está colhendo provas e a investigação ainda está em fase de busca dos suspeitos”, diz Marcel Jeronymo, advogado da Aliança LGBTI+. Após os ataques, a Aliança recebeu apoio de 25 instituições, inclusive do Ga’avah, departamento LGBTQIA+ do Instituto Brasil-Israel, que enviou uma carta de solidariedade à Aliança. Na carta, o Ga’avah descreve os acontecimentos como “um ataque frontal à pluralidade, à diversidade, aos direitos humanos e à própria ideia de humanidade”.