Apoiadas pelos tiros de artilharia da coalizão internacional, as forças curdo-árabes prosseguiam nesta segunda-feira (11) com sua ofensiva “final” contra o último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, onde algumas centenas de extremistas resistiam.

Após uma ascensão fulgurante em 2014 e a proclamação de um “califado” sobre um território que se estendia entre a Síria e o Iraque, os extremistas, enfraquecidos por múltiplas ofensivas, estão atualmente entrincheirados em uma pequena área na província de Deir Ezzor, perto da fronteira iraquiana.

As Forças Democráticas Sírias (FDS) lançaram no sábado a “batalha final” contra o setor onde estão entre 500 e 600 combatentes extremistas, segundo a aliança curdo-árabe apoiada por Washington.

“As FDS avançam lentamente”, informou nesta segunda-feira o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

“Há ataques aéreos esporádicos, mas, sobretudo, tiros de artilharia da coalizão internacional” liderada por Washington, ressaltou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.0

Os atiradores, minas terrestres e túneis escavados pelos extremistas atrapalham as operações, de acordo com a mesma fonte.

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Desde o lançamento de sua ofensiva em setembro, as FDS sofreram vários contra-ataques realizados periodicamente pelos extremistas.

O EI também “tem dezenas de reféns das FDS”, indicou à AFP um porta-voz da força curdo-árabe, Mustefa Bali.

– Extremistas em fuga –

Milhares de pessoas, principalmente famílias de extremistas, fugiram nos últimos meses dos combates para regiões controladas pelas FDS.

Perto da cidade de Baghouz, os investigadores das FDS realizam interrogatórios para identificar possíveis extremistas escondidos entre os civis.

Cerca de 600 pessoas deixaram no domingo o reduto extremista, segundo o OSDH. Entre eles, 20 supostos membros do EI, incluindo duas mulheres francesas, sete turcos e três ucranianos.

No domingo, Bali reportou o avanço das FDS e “confrontos diretos”, enquanto os extremistas cederam dezenas de posições.

Enquanto o EI está prestes a ser desfeito, o destino de seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, continua deconhecido.

Dado como morto várias vezes, uma mensagem de áudio atribuída a ele foi divulgada em agosto via Telegram.

“Até o momento, não temos informações sobre a presença de Baghdadi na Síria”, afirmou o porta-voz da FDS.

– Retirada americana –


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previu recentemente a iminente “libertação” de “100%” do território anteriormente controlado pelo EI, acrescentando que um “anúncio formal” nesse sentido poderia ser feito muito rapidamente.

Uma derrota do EI pavimentaria o caminho para a retirada, anunciada em dezembro por Trump, de cerca de 2.000 soldados americanos mobilizados na Síria para combater os extremistas.

Mas, na ausência de um forte compromisso de contraterrorismo, seria necessário ao EI apenas de seis a 12 meses para um “ressurgimento” e “reconquista de territórios”, alertou o Exército americano em um relatório publicado este mês.

Além de seu pequeno reduto no leste da Síria, o Estado Islâmico possui combatentes espalhados pelo vasto deserto que se estende do centro do país até Deir Ezzor.

E, apesar das derrotas, o grupo ainda consegue realizar ataques mortais, principalmente suicidas, incluindo no exterior.

Segundo analistas, o EI já começou a se transformar em uma organização clandestina, escondendo-se no deserto e desenvolvendo “células adormecidas” nos territórios que perdeu, mas onde continua a operar.

Iniciado em 2011, o conflito na Síria já fez mais de 360.000 mortos.


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