O cerco a seu último reduto, no deserto entre a Síria e o Iraque, teve início, mas o líder do grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Bagdadi, pode escapar mais uma vez, alertam especialistas.

Nos últimos anos, Al-Bagdadi, que sobreviveu a vários ataques aéreos, foi ferido pelo menos uma vez. Ele se tornou um mestre da camuflagem e pode fugir novamente.

“Está escondido na região de Badiat al-Sham, entre Iraque e Síria”, afirma à AFP Hisham al-Hashemi, iraquiano quee estuda o grupo extremista.

“Ele se desloca entre Al-Baaj (noroeste do Iraque) e Hajin na Síria”.

No dia 10 de setembro a aliança curdo-árabe das Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiada pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, lançou a fase 3 da operação “Roundup”, apresentada como a última etapa da ofensiva contra o EI no leste da Síria.

“É o último reduto dos mercenários do EI”, afirmou o comandante curdo Zaradecht Kobaneh. “Todos os dirigentes e emissários estrangeiros estão nas localidades de Sussa e Hajine et Al-Shaafa. Vamos eliminá-los”.

Mas localizar Al-Bagdadi não será algo simples, afirmou à AFP Hassan Hassan, professor da universidade americana George Washington e especialista em grupos extremistas.

“Ele aprendeu a se esconder muito bem. Ele e seu grupo aprenderam com os erros que custaram em 2010 a vida de seu líder Abu Omar al-Bagdadi e de seu comandante militar Abu Hamza al-Muhajir. O que significa que apenas um pequeno número de pessoas de confiança sabem onde ele está”.

Um general do serviço de inteligência iraquiano, que pediu anonimato, afirmou à AFP que Al-Bagdadi se desloca de modo discreto na Síria, na fronteira com o Iraque, acompanhado de quatro a cinco pessoas, incluindo seu filho e seu genro.

“São regiões enormes com montanhas, desertos, rios e vilarejos, que oferecem vários esconderijos”, explica Hassan.

Mas o analista se mostra otimista.

“Agora os iraquianos e sírios, como o apoio tecnológico da coalizão, têm capacidade para encontrá-lo. Pode ser capturado após um erro dele ou de seus homens”.

Um engano como o que quase custou sua vida em 3 de novembro de 2016, de acordo com uma revelação de janeiro do jornal The Guardian. Durante um ataque do exército iraquiano e das forças curdas do Iraque em Mossul, o autoproclamado “califa” se comunicou durante 45 segundos com seus homens com um rádio. Foi localizado de imediato.

Se conseguir fugir novamente, o líder do EI poderia unir-se às células clandestinas do movimento em outra região da Síria ou do Iraque.

Hisham al-Hashemi calcula que o EI tem 2.000 jihadistas ativos no Iraque (8.000 com os homens de logística e simpatizantes) e 3.000 combatentes ativos na Síria (12.000 com a logística e partidários).