Os iranianos votaram nesta sexta-feira no segundo turno das eleições legislativas, que os reformistas e os moderados esperam ganhar para compor um Parlamento favorável à política de abertura do presidente Hassan Rohani.

As eleições transcorreram sem incidentes, exceto por um tiroteio isolado em Mamasani, no sul do Irã, entre simpatizantes de dois candidatos locais adversários. Quatro pessoas ficaram feridas, segundo a agência Isna.

“A segurança foi restabelecida e as forças da ordem estão procurando os responsáveis”, segundo o vice-ministro do Interior, Hossein Zolfaghari.

As seções de votação fecharam mais tarde do que o previsto para dar oportunidade aos eleitores de última hora votar. Os resultados definitivos serão divulgados no sábado, segundo o ministério do Interior.

De acordo com os meios de comunicação, os conservadores contam com mais candidatos do que os reformistas para o segundo turno, mas o resultado da votação continua incerto, pois a participação costuma ser menor no segundo turno do que no primeiro.

Segundo Mohamad Hossein Moghimi, responsável eleitoral do ministério do Interior, a participação foi “impressionante” em todo o país. Em 26 de fevereiro, votaram 62% dos eleitores.

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Este segundo turno ocorre pouco mais de três meses depois da entrada em vigor do acordo entre as grandes potências e o Irã sobre seu programa nuclear e da suspensão, em grande parte, das sanções internacionais contra Teerã.

Mas na ausência de resultados concretos, após o fim das sanções, a impaciência começa a crescer no Irã.

No total, 17 milhões de eleitores estavam convocados às urnas, contra os 55 milhões do primeiro turno de 26 de fevereiro, para eleger 68 deputados dos 290 do Parlamento.

Os centros eleitorais abriram às 08h00 local (00h30 de Brasília) para as eleições, que ocorreram em 21 províncias e 55 circunscrições de todo o país, principalmente em grandes cidades como Tabriz (noroeste), Shiraz (sul) ou Ahvaz (sudoeste).

Contra a ‘infiltração do Ocidente’

Visto que a maioria dos ultraconservadores perderam no primeiro turno, a tendência se voltou para a formação de um Parlamento composto na maioria por deputados reformistas e moderados pró-Rohani, assim como por conservadores moderados e pragmáticos mais conciliadores com as políticas do presidente.

“Se o Parlamento está alinhado com o governo, as coisas irão melhor”, afirmou Mehdi Saadatmandi, um aposentado de 50 anos, após votar em Robat Karim, cidade a sudoeste de Teerã.

Zahra Karimdoost, uma professora de 35 anos, defendia seu voto no candidato conservador Hassan Noroozi, afirmando que “é preciso proteger o país contra a arrogância mundial e a infiltração” do Ocidente.

Dos 221 assentos atribuídos no primeiro turno, 103 recaíram nos conservadores ou afins, 95 nos reformistas-moderados ou formação próximas a eles e 14 em independentes com orientação política indefinida, segundo um balanço da AFP.

Os 30 assentos de Teerã, em outra época ocupados pelos conservadores, foram conquistados por reformistas e moderados (ou aliados) que apoiam a política do presidente Rohani.

Entre os deputados eleitos no primeiro turno, também havia quatro conservadores moderados apoiados pelos reformistas, assim como cinco representantes de minorias religiosas sem uma afiliação política clara.


Em Isfahan (centro) foi invalidada a eleição de uma deputada reformista e serão realizadas eleições parciais em uma data ainda não confirmada.

O guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei, e o presidente Rohani convocaram os iranianos a votar em massa no segundo turno porque o Irã precisa de resultados tangíveis.

Khamenei acusou o “inimigo” histórico Estados Unidos de pressionar os países europeus a impedir que o Irã se beneficie concretamente do acordo, e incitou seus compatriotas a privilegiar “a economia da resistência”, apoiada na produção nacional.

As eleições são realizadas um ano antes das presidenciais de 2017, nas quais se acredita que Rohani vá se candidatar a um segundo mandato.

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