As investigações da Polícia Federal apontam que aliados de Bolsonaro planejavam golpe e a prisão de Alexandre de Moraes. Para isso, o grupo monitorava o ministro do STF. O núcleo tinha integrantes do governo Bolsonaro, como Mauro Cid, Augusto Heleno e Marcelo Costa Câmara.

As informações vieram a público após a Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 8. Ela apura a organização criminosa citada, que atuou na “tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder”. Ela tem como alvo também o ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Integrantes do núcleo

O documento no qual a ISTOÉ teve acesso aponta os integrantes envolvidos e o plano do golpe.

“A autoridade policial aponta que Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Câmara e Mauro César Barbosa Cid integraram o núcleo de inteligência paralela, responsável pela coleta de dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões do ex-Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na consumação do golpe de Estado”, diz a decisão de Moraes.

O grupo teria monitorado itinerário, deslocamento e localização do ministro do Supremo e então chefe do Poder Judiciário Eleitoral, além de e de possíveis outras autoridades da República.

Eles tinham como objetivo a “captura e detenção, nas primeiras horas que se seguissem à assinatura do decreto de golpe de Estado. Por sua vez, o núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos, composto por Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theofilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Nogueira de Oliveira, teria se utilizado da alta patente militar por eles detida para influenciar e incitar o apoio aos demais núcleos de atuação, por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas, para a consumação do golpe de Estado.”

Golpe

Havia um documento, em formato de decreto, que continha “medidas de exceção”, com detalhamento de “considerandos” acerca de suposta interferência no Poder Judiciário no Poder Executivo, para decretar a prisão de diversas autoridades e a realização de novas eleições em vista de supostas fraudes no pleito presidencial.

O documento teria sido objeto de reuniões convocadas pelo então presidente Bolsonaro, que envolveram integrantes civis e militares da ativa presentes no governo.

Prisão de Moraes

As investigações apontam também que o ex-presidente recebeu uma minuta do decreto apresentado para executar um golpe de Estado. Ao final, ele decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Depois, seriam realizadas novas eleições.

Posteriormente, o documento foi alterado a pedido do então presidente Bolsonaro e permanecendo apenas a determinação de prisão de Moraes e a realização de novas eleições.