O presidente Irfaan Ali, o líder opositor Aubrey Norton e o multimilionário Azruddin Mohamed: três perfis diferentes que despontam como favoritos entre os seis candidatos nas eleições gerais da próxima segunda-feira na Guiana.
O país, que possui as maiores reservas de petróleo per capita do mundo, define seu governo nessas eleições legislativas de turno único, que coroam como presidente o candidato cujo partido sair vencedor.
De origem indiana e membro da comunidade muçulmana, o presidente em exercício Irfaan Ali tem sido um firme defensor do território do Essequibo, uma região de 160 mil km² rica em petróleo e minerais que a Venezuela reivindica desde a época colonial.
A vasta região representa dois terços da superfície da Guiana, e Ali, com o apoio dos Estados Unidos, adotou uma postura intransigente em relação a Caracas, o que tem sido valorizado por seus compatriotas.
Nasceu em 25 de abril de 1980 em Leonora, um vilarejo na margem ocidental do rio Demerara, a cerca de 15 quilômetros da capital Georgetown.
É filho de um casal de professores e estudou no Reino Unido e na Jamaica. Tem doutorado em urbanismo e planejamento regional e, antes de ser presidente, trabalhou em vários ministérios.
Foi eleito deputado pela primeira vez em 2006. Fontes políticas afirmam que o ex-presidente (1999-2011) e secretário-geral do Partido Progressista do Povo (PPP/C), Bharrat Jagdeo, o escolheu como candidato presidencial em 2020. Nessas eleições, derrotou o então presidente David Granger.
É o primeiro presidente a se beneficiar das riquezas petrolíferas, exploradas desde 2019.
Pai de dois filhos, afirma regularmente que os rendimentos do petróleo devem ser administrados pensando nas futuras gerações.
Conhecido por suas declarações contundentes e sua veemência, Aubrey Norton acusa abertamente o governo de corrupção e o considera ilegítimo. É líder da APNU (coalizão Aliança para uma Nova Unidade) e garante que os dias do PPP/C no poder estão contados.
Nasceu em 6 de julho de 1957 em Christianburg, ao sul de Georgetown, e pertence à comunidade afro-guianense. Membro das Juventudes Socialistas, com formação em Cuba e no Reino Unido, sempre manteve um discurso muito enraizado na esquerda.
Figura destacada do Congresso Nacional do Povo (PNC), é líder da oposição desde 2022. Afirma querer reduzir o desperdício e o desvio de recursos para destiná-los ao aumento de salários, pensões e auxílios sociais, especialmente na educação. Também propõe subsidiar a eletricidade e a água.
“Prometemos a vocês que utilizaremos os recursos do petróleo e do gás para tirar o povo da Guiana da pobreza”, afirmou.
Azruddin Mohamed “é o ‘novo do pedaço'”, afirma Neville Bissember, professor de direito da Universidade da Guiana, ao destacar que esse candidato desafia o sistema bipartidário tradicional do país. Para se candidatar, criou este ano seu próprio partido, o WIN (We Invest in Nation / Investimos na Nação).
É filho de um rico empresário. Nasceu em 1º de março de 1987 em Georgetown e, segundo a imprensa guianense, levou uma vida de “playboy” em sua juventude.
Afirma ter se tornado multimilionário graças à exploração de ouro e foi sancionado pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, que o acusa de uma considerável evasão fiscal.
Mohamed promete acabar com a corrupção e romper com as elites políticas. Destaca seu sucesso financeiro, promete gerir melhor o país e assegura que, se for eleito presidente, não aceitará seu salário.
“Ele representa uma quantidade de votos desconhecida, mas claramente incomoda os dois grandes partidos, dos quais tirará sufrágios. Será suficiente para ser eleito? É impossível dizer”, observa Bissember.
O candidato é desconfiado em relação à imprensa, com quem raramente fala, mas atrai pela juventude (38 anos), pelo dinamismo e por seu discurso direto.
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