14/02/2018 - 8:07
As formigas africanas matabele socorrem as companheiras feridas nas operações de caça e cuidam delas até que recuperem totalmente a saúde – aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (14), que mostrou aspectos “assombrosos” do comportamento animal.
Depois de evacuar as feridas dos campos de batalha e levá-las para o ninho, as formigas atuam como equipes médicas, reunindo-se em torno dos pacientes para lamber seus ferimentos de forma “intensa”, relata um estudo publicado na revista “Proceedings of the Royal Society B”.
Esse comportamento reduz de 80% para 10% a mortalidade das formigas-soldado feridas, observam os pesquisadores.
“Isso não se faz por meio do autocuidado, que é algo conhecido por muitos animais, mas mediante um tratamento feito por outros, que, lambendo intensamente a ferida, tornam impossível impedir que haja uma infecção”, explicou o coautor do estudo Erik Frank.
Ele contribuiu para esta pesquisa quando estava na Universidade de Wurztburgo (Julius- Maximilians-Universität, JMU, em alemão), na Alemanha, e continuou seu trabalho na Universidade de Lausanne, na Suíça.
Uma das maiores espécies que existem, essas formigas são guerreiras ferozes e atacam inclusive humanos com sua mordida.
Esses insetos, que levam o nome da aguerrida tribo da África meridional, caçam cupins, que são animais maiores do que elas, atacando os lugares onde se alimentam em colunas de entre 200 a 600 indivíduos.
Este método leva à baixa de muitas formigas, que, com frequência, perdem suas extremidades pelas mordidas dos cupins.
“Depois da batalha, as formigas feridas pedem ajuda com feromônios”, um sinal químico produzido por uma glândula, explicou Frank.
As “socorristas” usam suas desenvolvidas mandíbulas para recolher as feridas e arrastá-las para o ninho para serem tratadas.
Ainda mais impressionante é que as guerreiras que estão gravemente feridas – por exemplo, insetos que perderam cinco, ou seis, pernas – fazem um sinal para os membros da equipe de resgate para que não percam tempo com elas.
Essa descoberta gera vários questionamentos, disse a Universidade de Wurtzburgo em um comunicado, no qual considerou essas revelações como “assombrosas”.
“Como as formigas sabem exatamente onde tem uma companheira ferida? Como sabem quando deixar de atender as feridas? O tratamento é meramente preventivo, ou é algo terapêutico, depois que a infecção se instalou?”, questionou a instituição.