Um alerta do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês) sobre uma falha em um voo com um avião da Embraer fez com que as ações da empresa chegassem a cair 2,15% durante o pregão de quinta-feira, 30. No fim do dia, após ficar claro que o problema não tem relação com a tecnologia do jato, os papéis da companhia brasileira se recuperaram, mas ainda encerraram com recuo de 0,44%.

A falha num E-175, modelo com quase 20 anos de operação da Embraer, ocorreu em novembro de 2019 em um voo da Republic Airways. Na quarta-feira, o órgão norte-americano enviou seis recomendações de segurança para a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e quatro para a FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA).

Segundo o relatório, investigações preliminares apontaram um incidente no qual a tripulação relatou dificuldade em controlar o avião, que decolou do aeroporto internacional de Atlanta, nos EUA. “Embora a causa das dificuldades relatadas por essa tripulação de voo ainda não tenha sido determinada, essas recomendações visam tratar de questões de segurança identificadas durante o estágio inicial da investigação”, apontou o órgão em relatório.

De acordo com o documento, a tripulação declarou emergência após relatar um problema de controle da aeronave. O comandante relatou que o avião subia com uma inclinação maior do que o normal. A tripulação tentou acionar alguns mecanismos para contornar o problema, por meio do piloto automático, mas sem sucesso. O jato transportava seis passageiros e quatro tripulantes.

Segundo o relato, dois tripulantes precisaram pressionar o manche com as duas mãos para baixo para retomar o controle do avião. O documento aponta que, depois do esforço do piloto e da tripulação, eles conseguiram contornar o problema e retornar ao aeroporto com segurança cerca de 15 minutos após declararem emergência.

A possibilidade de que a falha relatada no avião da Embraer pudesse paralisar a empresa – como ocorreu com a Boeing após dois modelos 737 MAX caírem, matando 346 pessoas – preocupou os investidores. Fontes do setor ouvidas pelo jornal O Estado de São Paulo, porém, descartaram a possibilidade de o problema no E-175 ser semelhante ao do MAX. O avião da Embraer não tem tecnologia semelhante ao da Boeing. Se houve um erro parecido na capacidade de levantar ou abaixar o nariz da aeronave, o motivo teria sido outro, apontou uma fonte.

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Já analistas que acompanham a Embraer e as empresas aéreas brasileiras consideram que a falha ocorrida em novembro foi pontual. “Foi uma aeronave só. Em primeira instância, sem mais detalhes, acho que não dá para comparar com o 737 MAX”, disse Mário Mariante, analista da Planner Corretora.

“A primeira notícia impactou, mas com o mercado percebendo que talvez o problema seja de manutenção e não de tecnologia, a queda fica menor”, acrescentou Luiz Roberto Monteiro, da Renascença.

Em nota, a Embraer apontou que o relatório do NTSB trazia recomendações de segurança que estão em linha com o que a companhia já havia divulgado para seus clientes em dezembro: “Estas recomendações envolvem tornar obrigatória uma modificação no manche para evitar uma montagem invertida da chave de comando, modificação esta que já está incorporada na linha de produção e disponível para incorporação na frota desde 2015”.

No fim do dia, a Embraer comunicou que fechou contrato com a americana SkyWest para um pedido firme de 20 jatos E-175, o mesmo que registrou o problema. O pedido tem valor de US$ 972 milhões, com base nos preços de lista da Embraer de 2019, e as entregas estão previstas para começar no segundo semestre.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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