Atingida com força pela segunda onda da pandemia de coronavírus, a Alemanha superou nesta sexta-feira (27) um milhão de contágios, no momento em que a Europa começa a flexibilizar com cautela algumas restrições, e o mundo aguarda uma vacina eficaz para as próximas semanas, apesar da persistência das dúvidas.

Na quinta-feira (26), foi anunciado oficialmente que a vacina desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford requer um “estudo adicional”.

O governo do Reino Unido anunciou nesta sexta-feira que solicitou à Agência Reguladora de Remédios e Saúde (MHRA) que avalie a vacina, a qual, segundo resultados preliminares, tem uma eficácia média de 70%.

A Alemanha, considerada um dos modelos na Europa por sua gestão da primeira onda da pandemia, foi afetada em cheio pela segunda. O país registra até esta sexta-feira um balanço de 1.006.394 infectados (+22.806 em 24 horas) e 15.586 mortes, incluindo 426 nas últimas 24 horas.

O país vai prolongar até o início de janeiro as restrições decretadas para lutar contra a covid-19, como o fechamento de bares e restaurantes e a limitação de participantes em reuniões privadas.

“Ainda temos que fazer esforços (…) o número diário de infecções ainda é muito alto”, afirmou a chanceler Angela Merkel durante a semana.

– Ação de Graças atípico –

Em todo mundo, foram registrados oficialmente mais de 60 milhões de casos de covid-19 desde o início da pandemia, com mais de 1,4 milhão de vítimas fatais.

Nos Estados Unidos, país mais enlutado, com mais de 263.000 mortos, foram registrados 1.333 óbitos nas últimas 24 horas e a celebração do Dia de Ação de Graças, na quinta-feira, foi atípica.

O famoso desfile de balões gigantes que geralmente reúne milhões de pessoas nas ruas de Nova York aconteceu sem a presença de público e foi exibido na Internet, com grande parte das animações filmadas com antecedência.

Acostumados a encontros em família para o almoço com peru, os americanos receberam mensagens contraditórias das autoridades.

O presidente eleito Joe Biden pediu à população um “sacrifício” e recomendou que as pessoas não viajassem, enquanto o atual presidente, Donald Trump, incentivou na quarta-feira “todos os americanos a se reunirem em suas casas e locais de culto”.

Nos últimos sete dias, quase sete milhões de pessoas embarcaram em aviões nos Estados Unidos, segundo a agência TSA, que controla a segurança nos aeroportos, um aumento de 22% na comparação com a semana anterior.

O número de mortos nos Estados Unidos pode alcançar 321.000 até 19 de dezembro, segundo a projeção mais recente do Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Nesta sexta-feira, acontece no país a Black Friday, dia de grandes ofertas em que milhares de pessoas comparecem às lojas.

– Bolsonaro não tomará vacina –

No Brasil, segundo país do mundo em número de óbitos, com 171.460 vítimas fatais e 6.204.220 contágios confirmados, o presidente Jair Bolsonaro disse que não tomará a vacina contra o novo coronavírus, quando uma for aprovada e estiver disponível.

“Eu digo para vocês, eu não vou tomar, é um direito meu”, afirmou em uma live na quinta-feira o chefe de Estado, muito criticado por sua gestão da pandemia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou em 12 de novembro que 48 projetos de vacina ao redor do mundo estão em testes clínicos em humanos, 11 deles na fase 3, a última.

A Rússia anunciou nesta sexta-feira que assinou um acordo com o grupo farmacêutico indiano Hetero para a produção de mais de 100 milhões de doses anuais da vacina contra a covid-19 Sputnik V.

“Hetero, um dos principais fabricantes indianos de medicamentos genéricos, aceitou produzir na Índia mais de 100 milhões de doses por ano da Sputnik V”, afirma em um comunicado o Fundo Soberano Russo (RDIF), um dos principais financiadores da vacina russa.

A produção deve começar no início de 2021.

– Situação melhor na Europa –

Depois de quatro semanas de reclusão, a Inglaterra também reabrirá as lojas não essenciais e organizará testes em larga escala em dezembro, mas a grande maioria da população continuará sob severas restrições.

A Grécia permanecerá confinada ao menos até 7 de dezembro.

Na França, a situação registra um leve avanço. Se a tendência for confirmada, o confinamento será suspenso em 15 de dezembro e será substituído por um toque de recolher, com uma exceção para as noites de 24 e 31 de dezembro.

Os pequenos comércios poderão reabrir as portas a partir de sábado, e os cidadãos serão autorizados a viajar em um raio de 20 quilômetros durante três horas. Já bares, restaurantes e arenas esportivas permanecerão fechados ao menos até 20 de janeiro.

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