O julgamento de um sírio acusado de homicídio em agosto em Chemnitz, crime que provocou violentos distúrbios de caráter racial, inéditos na Alemanha nos últimos anos, começou nesta segunda-feira (18).

Pelo temor de novos distúrbios, o julgamento acontece em outra cidade, Dresden, em uma sala especial do Palácio de Justiça, sob rígidas medidas de segurança, com a presença de Alaa Sheiji, um sírio de 23 anos.

A Promotoria acusa o jovem, que trabalhava como cabeleireiro na cidade, de homicídio e tentativa de homicídio.

O acusado, que chegou à Alemanha em 2015, tem o auxílio de um tradutor.

Os movimentos extremistas estão presentes na Saxônia, um estado regional da ex-Alemanha Oriental, que organizará eleições em setembro com grande probabilidade de bons resultados para a extrema direita.

No mesmo tribunal de Dresden, foram condenados os neonazistas do grupo “Freital” que atacaram abrigos de refugiados em 2015. Mais de um milhão de solicitantes de asilo chegaram à Alemanha este ano e em 2016.

De acordo com a acusação, após uma disputa de origem desconhecida, o acusado e um iraquiano de 22 anos, Farhad R. A., que permanece foragido e é considerado o principal autor do crime, esfaquearam quatro vezes no peito e uma vez no braço em 26 de agosto Daniel H., de 35 anos. A vítima morreu no local.

Os acusados também feriram nas costas Dmitri M., um amigo do falecido.

A Promotoria afirma que ouviu mais de 100 testemunhas. De acordo com a imprensa alemã, porém, as provas seriam reduzidas: a acusação teria apenas um depoimento que o incrimina e não teria nenhum vestígio DNA.

A motivação do crime continua sendo confusa: tanto a defesa como a acusação descartam motivos políticos, ou racistas.

O crime foi rapidamente utilizado por grupos de extrema direita para tentar estimular a xenofobia.

Os torcedores do Chemnitz organizaram protestos poucas horas depois do assassinato, que terminaram em distúrbios e ofensas aos estrangeiros.

O partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AfD) também organizou manifestações, durante as quais algumas pessoas reproduziram gestos nazistas.

A chanceler Angela Merkel denunciou na ocasião uma “caça aos estrangeiros” e o “ódio nas ruas””.