Alemanha investiga alertas sobre suspeito de ataque em mercado de Natal

Alemanha investiga alertas sobre suspeito de ataque em mercado de Natal

"MinistérioAs autoridades apuram se os avisos anteriores feitos sobre o agressor que matou 5 e feriu 200 pessoas em Magdeburg foram tratados adequadamente.A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, prometeu neste domingo (22/12) que o país fará uma rápida investigação sobre o ataque em um mercado de Natal de Magdeburg na última sexta-feira.

Ela também afirmou, em comunicado, que a investigação vai avaliar a atuação das autoridades alemãs, que descartaram alertas emitidos sobre o suspeito antes do atentado. A ministra reconheceu que o homem já havia chamado a atenção da polícia e de órgãos governamentais no passado.

Cinco pessoas, incluindo uma criança de 9 anos de idade, foram mortas e cerca de 200 ficaram feridas na noite de sexta-feira, quando um carro se chocou contra uma multidão no mercado de Natal da cidade do leste da Alemanha.

Agora, a pasta de Faeser sofre pressão para indicar se o atentado em Magdeburg poderia ter sido evitado caso os alertas tivessem sido tratados de forma diferente.

"A Polícia Criminal Federal da Alemanha está apoiando as investigações das autoridades da Saxônia-Anhalt", disse Faeser ao periódico Bild am Sonntag. "As autoridades investigadoras esclarecerão todos os antecedentes. Eles também estão investigando exatamente quais informações já foram fornecidas [sobre o suspeito] no passado e como elas foram seguidas", disse ela.

Avisos de ameaça em potencial

No sábado, o Departamento de Migração e Refugiados da Alemanha reconheceu que recebeu uma denúncia no ano passado sobre o suspeito – um médico saudita de 50 anos que obteve status de refugiado na Alemanha em 2016.

O alerta foi identificado por meio de redes sociais, em 2023, e transmitido às autoridades na época. "Isso, assim como qualquer uma das muitas outras denúncias, foi levado a sério", disse o escritório de migração.

De acordo com a revista alemã Der Spiegel, o serviço secreto saudita também havia alertado seus colegas alemães sobre o suposto agressor em várias ocasiões.

Apesar disso, o jornal Die Welt apurou que uma avaliação de risco feita pela polícia estadual e federal alemã no ano passado concluiu que o suspeito não representava "nenhum perigo específico".

O chefe do Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), Holger Münch, disse à emissora pública alemã ZDF que o suspeito teve vários contatos prévios com as autoridades durante os quais fez insultos e, às vezes, ameaças, "mas ele não era conhecido por atos de violência", afirmou. Münch o descreveu como um "agressor atípico”.

Conflito com as autoridades

O suspeito, usuário assíduo da plataforma X, se descreve como um "ex-muçulmano e dissidente saudita" . Na rede social, ele publicou opiniões anti-islâmicas, criticou as autoridades alemãs e expressou apoio ao partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Em uma ocasião, ele questionou se existiria um caminho para alcançar a justiça na Alemanha sem "explodir uma embaixada alemã ou massacrar aleatoriamente alemães".

O médico saudita também teve problemas legais no passado. Em 2013, um tribunal do norte da Alemanha o multou por "perturbar a paz pública ao ameaçar cometer crimes", de acordo com o Der Spiegel.

Este ano, ele foi investigado em Berlim por "uso indevido de chamadas de emergência" depois de discutir com a polícia em uma estação de trem.

O suspeito foi preso logo após o ataque de sexta-feira e enfrenta acusações de assassinato e tentativa de assassinato.

Repercussão política

Bernd Baumann, líder parlamentar da AfD, pediu ao chanceler federal alemão Olaf Scholzque convocasse uma sessão especial do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) sobre a situação "desoladora" da segurança nacional, afirmando que "isso é o mínimo que devemos às vítimas".

Enquanto isso, a líder do partido populista de esquerda BSW, Sahra Wagenknecht, exigiu que a ministra do Interior, Nancy Faeser, explicasse "por que tantas pistas e avisos foram ignorados de antemão".

Os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e os liberais do Partido Liberal Democrático (FDP) também pediram melhorias no aparato de segurança da Alemanha, incluindo uma melhor coordenação entre as autoridades federais e estaduais.

Rainer Wendt, presidente do sindicato da polícia DPolG, no entanto, advertiu contra especulações e pediu liberdade para os investigadores trabalharem.

gq (DW, DPA)