Com novos membros na região, aliança militar quer garantir controle das rotas marítimas em caso de conflito com a Rússia.A Alemanha inaugurou nesta segunda-feira (21/10) um quartel-general tático para o Mar Báltico na cidade costeira de Rostock, no norte do país.

O quartel-general da Força-Tarefa de Comando (CTF) do Báltico vai coordenar as atividades navais de todos os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na região.

Liderada pela Alemanha, a CTF estará "pronta para dirigir operações navais em tempos de paz, crise e guerra", disse o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius.

"Nossa mensagem para nossos parceiros e para aqueles que ameaçam nossa paz é simples: A Alemanha mantém-se firme em seus compromissos", afirmou Pistorius durante um discurso em Rostock.

"Estamos comprometidos em garantir a segurança da região do Báltico, a força da Otan e a defesa de nossos valores compartilhados", acrescentou.

Segundo o ministério alemão da Defesa, uma equipe de comando naval já atua em Rostock em parceria com outros países, mas agora deve assumir tarefas adicionais para a Otan.

O centro será liderado por um almirante alemão e terá equipes de 11 países signatários do tratado: Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Holanda, Itália, Letônia, Lituânia, Polônia, Reino Unido e Suécia. A Alemanha possui a maior frota marítima dos membros da aliança na região.

A importância regional da sede

A nova instalação naval mostra a importância estratégica que o Mar Báltico ganhou para a Otan depois que as relações do bloco com a Rússia pioraram e o presidente russo, Vladimir Putin, encampou uma ofensiva militar contra a Ucrânia.

Além da Alemanha, o Báltico alcança territórios da Dinamarca, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Rússia e Kaliningrado.

Kaliningrado é um exclave russo isolado do resto do Rússia, que fica cercado por países membros da União Europeia (UE).

Com o endurecimento da guerra na Ucrânia, a UE avalia que o exclave pode ser um novo ponto de tensão com a Rússia, que possui portos voltados ao Báltico tanto em Kaliningrado quanto na região de São Petersburgo.

Em 2022, por exemplo, a Lituânia impediu a passagem de mercadorias russas com destino a Kaliningrado em razão das sanções impostas pelo bloco.

Otan quer garantir rotas marítimas

Manter as rotas marítimas abertas no Báltico se tornou mais vital à medida que a aliança militar se expandiu para o leste europeu com a queda da chamada Cortina de Ferro.

A Polônia, ex-signatária do Pacto de Varsóvia, e outros antigos estados soviéticos como Lituânia, Letônia e Estônia aderiram à Otan após o fim da Guerra Fria.

A invasão da Ucrânia pela Rússia também levou a Finlândia e a Suécia — vizinhos nórdicos banhados pelo Báltico — a assinarem o tratado.

Anteriormente, a principal preocupação da Otan na região era bloquear a entrada ocidental do Mar Báltico e impedir que a frota da antiga União Soviética chegasse ao Mar do Norte por meio da passagem marítima entre a Dinamarca e a Suécia.

A intenção era impedir que os navios de guerra de Moscou atacassem as frotas de suprimentos que chegavam dos EUA.

Mas desde a adesão dos novos países banhados pelo Báltico, a Otan passou a se preocupar em garantir que as rotas marítimas permaneçam abertas, caso um possível conflito com a Rússia interrompa rotas terrestres.

Além disso, a Otan identificou tentativas russas de espionar sua infraestrutura no Báltico. As rotas marítimas são frequentemente usadas para abastecer a aliança militar.

O ministro da Defesa alemão reforçou que Putin não direciona sua guerra somente contra a Ucrânia.

"Seu verdadeiro inimigo é nosso modo de vida livre, independente e democrático", afirmou. "A segurança na região do Báltico está intrinsecamente ligada à segurança da Europa como um todo", afirmou.

gq/ra (dw, reuters, dpa)