ROMA, 15 JAN (ANSA) – A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, convocou para o próximo domingo (19), em Berlim, uma cúpula internacional sobre a Líbia, com o objetivo de tentar criar condições para um processo de paz no país imerso a uma guerra civil. Além de países como a Itália, Rússia, Estados Unidos, China, Turquia e França, devem estar presentes na reunião os dois principais rivais líbios, o primeiro-ministro Fayez al-Sarraj, e o marechal Khalifa Haftar. Ontem (14), Haftar concordou em aceitar o convite para participar da conferência em Berlim, segundo informou um tuíte da emissora Al Arabiya, apesar de deixar Moscou, na Rússia, sem assinar um cessar-fogo definitivo com o governo de união nacional. O pacto havia sido firmado pelo premier na última segunda-feira (13), mas Haftar pedira tempo para refletir. A convocação ocorre depois dessas negociações, que foram encerradas sem acordo.
O principal objetivo da nova cúpula é reduzir a ingerência externa e criar condições favoráveis para a volta do diálogo entre as duas partes, além de promover um cessar-fogo. “Uma missão europeia na Líbia seria um passo importante para impedir a interferência externa”, principalmente porque “os europeus são os que mais têm a perder com uma Líbia estável”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio. Segundo o chanceler italiano, “a partir do conflito interno, a crise da Líbia se transformou em uma guerra”. Desta forma, “é essencial manter o cessar-fogo e trazer a crise de volta à política”. “Precisamos trabalhar para facilitar o diálogo entre Washington e Teerã e pedir a eles um compromisso sem condições prévias”, acrescentou o líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), analisando a crise no Golfo. O porta-voz do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEA), Peter Stano, por sua vez, confirmou que o alto representante da UE, Josep Borrell, participará da reunião e a “expectativa é que a conferência de Berlim avance no processo político na Líbia em termos de um possível cessar-fogo. Entenda a crise A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias.
De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata, pela ONU, pela Itália e pela Turquia; do outro, o Parlamento de Tobruk, fiel a Haftar, que tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes.
O marechal, que busca derrotar o Islã político, e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj – instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 – e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.
Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania americana.
Haftar se inspira no presidente do Egito, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar o islamista Mohamed Morsi e o governo da Irmandade Muçulmana, colocada na ilegalidade. (ANSA)