BERLIM, 24 AGO (ANSA) – Após o opositor russo Alexei Navalny ser internado em Berlim, o governo alemão informou nesta segunda-feira (24) que o político foi “provavelmente” envenenado. O russo chegou ao país neste domingo (23) e está internado na unidade de terapia intensiva do hospital Charitè.

“Trata-se de um paciente que, de maneira muito provável, foi vítima de um ataque com veneno”, disse o porta-voz do governo de Angela Merkel, Steffen Seibert, à imprensa.

O representante deu a resposta após ser questionado sobre os motivos do forte esquema de segurança montado para proteger Navalny e seus parentes em território alemão. Seibert confirmou que a agência federal de investigações (BKA) está fazendo a proteção do russo e ressaltou que o governo do país “leva muito a sério” a suspeita de que alguém tenha envenenado o líder da oposição.

Sobre os boletins médicos que devem ser divulgados, o porta-voz de Merkel ressaltou que “só os médicos e a família poderão dar informações sobre as condições de saúde” do advogado de 44 anos e que o pedido do governo “é de que haja plena transparência”. Navalny foi internado na última quinta-feira (20) após passar mal em um voo entre a Sibéria e Moscou. Ele foi levado às pressas para o hospital de emergência de Omsk, onde foi para a unidade de terapia intensiva em coma.

Primeiramente, os médicos russos falaram sobre a possibilidade de envenenamento – intencional ou natural – já que constataram que uma substância tóxica havia entrado no corpo do político através de um “líquido quente”. A principal suspeita é de que isso teria ocorrido quando ele tomou um chá no aeroporto antes de embarcar.

No entanto, na sexta-feira (21), um dos diretores do hospital voltou atrás e informou que não foi encontrada nenhuma substância tóxica no organismo de Navalny. Segundo Alexander Murakhovsky, não foi detectado “material biológico” no corpo, apenas “materiais provenientes na superfície da pele, nas roupas e nas unhas”, que seriam de uma substância química industrial utilizada, “por exemplo, nos copos de plástico”.

A esposa de Navalny, Yulia Navalnaya, e a assessora do político, Kira Yarmysh, acusaram a equipe médica de estar mentindo e de terem vetado, inicialmente, a transferência de Navalny para a Alemanha para “fazer com que a substância que se encontra no corpo dele desapareça”. A transferência só foi autorizada, de fato, no sábado (22).

O líder da oposição russa é o principal nome contrário ao presidente Vladimir Putin e já foi alvo de outros ataques – como um ocorrido em 2017 que quase o fez perder a visão. Além disso, Navalny foi condenado pela justiça russa por mais de uma vez – e preso inúmeras outras – no que ele sempre afirmou ser uma perseguição de Putin. (ANSA).